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Semana terá Dilma com movimentos sociais, Temer com governadores e o pronunciamento de Cunha

DILMA PACTO NACIONAL

Poucas vezes foi tão verdadeira a afirmação de que a semana começa agitada em Brasília.

Isso porque as agendas do Legislativo, Executivo e Judiciário estão repletas de votações e reuniões que podem definir novos rumos para a crise política do país.

A expectativa é que haja um acordo a ser anunciado pelo PT e movimentos sociais, outras denúncias contra políticos, definições do Planalto sobre ajuda a governos estaduais e julgamentos mais do que polêmicos pela mais alta Corte do país.

Alguns analistas legislativos até se adiantam e afirmam esperar que o impacto das próximas delações premiadas feitas na operação Lava Jato (a serem liberadas após as informações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado) tem tudo para ser ainda maior do que o das últimas semanas.

O que se diz nos corredores do Congresso e dos ministérios é que Machado ajudou a “arredondar” muitos dados que o Ministério Público já tinha.

E isso pode arranhar o governo interino, provocar novas quedas de ministros e prejudicar o rito dos trabalhos das comissões técnicas no Congresso.

Mas o presidente em exercício Michel Temer, que já teve os últimos dias chacoalhados por conta das denúncias de Machado, programou outras prioridades para o início da semana.

Hoje (20), ele recebe no Palácio do Planalto governadores de todo o país para discutir, com ministros da sua equipe, a situação das dívidas dos estados.

Temer tem um abacaxi para descascar, depois que acenou com a liberação de quase R$ 3 bilhões para ajuda financeira ao governo do Rio de Janeiro – que decretou estado de calamidade pública em razão da situação negativa de suas contas.

A situação é vista como preocupante por integrantes da equipe econômica, primeiro, porque desde que tomou posse e antes mesmo disso, Temer fala na possibilidade de encontrar um impasse para a negociação das dívidas dos estados – o que pode levar a um aumento de despesas significativo para a União.

E agora vai ficar difícil dizer não aos governadores que estão chegando à capital com o pires na mão.

“Precisamos tratar as questões específicas de cada um”, disse o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, que enfrentou várias greves e chegou a atrasar o salário de servidores.

Segundo ele, sem a ajuda financeira da União, a situação é bastante arriscada.

“Não temos mais margem para corte. O cenário é de instabilidade e de incertezas. Vamos ter um fim de ano muito difícil e precisar de suplementação orçamentária, na Saúde, por exemplo”, afirmou.

Também nesta segunda-feira, Temer receberá o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para discutir a retomada da chamada Agenda Brasil no Legislativo, formada por matérias referentes ao desenvolvimento da economia.

A intenção é tentar chegar a um ponto em comum com Renan sobre como será a diretriz das votações, daqui por diante, e mostrar as propostas prioritárias por parte do Executivo.

De um lado, o governo tem pressa para aprovar propostas ligadas ao ajuste econômico que pretende fazer. De outro, o senador foi claro na semana passada ao afirmar que, em sua opinião, esse tipo de matéria só deveria ser avaliado pelo Congresso depois que for definido e votado o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Até os azulejos de Athos Bulcão, que ornamentam o Congresso Nacional, sabem que Temer e Renan nunca se bicaram. Mas ao mesmo tempo em que deu estas declarações, o senador, outro denunciado em delações de Sérgio Machado, disse que tentará ter uma relação republicana e de respeito institucional com o presidente interino, estando disposto a sentar e acordar no que for possível com ele para ajudar o país.

O resultado da inclusão dessas matérias na ordem de votações, portanto, dependerá do teor dessa conversa – e, como ninguém nega, da temperatura do dia, se não houver surpresas.

Outro fato esperado no dia de hoje é um pronunciamento ou entrevista coletiva a ser convocada pelo presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Prestes a ver seu pedido de cassação votado na Camara, Cunha pediu aos deputados a ele ligados para chegarem a Brasília mais cedo esta semana, para que o acompanhem no que resolver anunciar.

Espera-se de tudo, inclusive a renúncia do parlamentar. Mas informações dos últimos dois dias são de que Cunha estaria mais disposto a interpor novos recursos sobre seu caso ao Judiciário e até em fazer uma delação premiada, como última opção, do que a renunciar. Como ele é uma esfinge na cena política do país, só a sua fala vai dizer do que se trata o comunicado de hoje, se ocorrerem.

 

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