Tempo - Tutiempo.net

Assassino de professora universitária diz que “Foi um acidente”

O tiro que matou a professora universitária Anamaria Morales, 60 anos, foi disparado por João Paulo dos Santos Santa Rosa, 18. Mas, segundo o próprio autor, foi como se a família dele tivesse apertado o gatilho.      

 

“A vizinhança toda ficou contra minha família. O povo começou a julgar eles pelo que fiz”, declarou, chorando, João Paulo, apresentado, ontem, na sede da Polícia Civil, na Piedade. Os outros dois envolvidos no crime foram presos nos dias 19 e 24 de março.

 

Assim como os vizinhos de João Paulo, os pais e uma tia do acusado souberam do envolvimento do rapaz através da imprensa. Anamaria Morales foi baleada após reagir a um assalto, no dia 16 do mês passado, em Itapuã. Bó, como também é conhecido João Paulo, se entregou à polícia na quarta-feira, apresentado pelo advogado ao delegado ACM Santos, titular da 12ª Delegacia – Itapuã.

 

Ele repetiu o que fizeram seus comparsas, o manobrista Pablo Santos Viana Moura, 20, e Darlei Santos Santana, 19, que ontem foram novamente apresentados. A professora reagiu a abordagem e foi baleada com um tiro na cabeça. O crime foi registrado por uma câmera de segurança de um posto de combustível. João Paulo e os comparsas responderão por latrocínio (roubo seguido de morte). Mas Bó foi indiciado também por tentativa de homicídio. É que, na fuga, ele trocou tiros com um agente da 5ª Delegacia (Periperi) que abastecia no posto.

 

“Minha família tava revoltada com a morte dela (Anamaria). Quando meu nome saiu nos jornais foi só decepção. Minha mãe caiu para um lado, minha tia para o outro. Meu pai só faz chorar”, declarou o preso. João Paulo é o caçula de quatro filhos de um policial militar, cujo nome e o local de trabalho foram preservados. “Não era para estar aqui. Meus pais me deram de tudo”, disse João Paulo, que estudou até a primeira série do segundo grau.

 

Festa

João Paulo contou que, horas antes de Anamaria ter sido morta, ele e os comparsas estavam numa festa de aniversário na praia de Itapuã, onde ele consumiu cocaína. Em seu relato, diz que o disparo foi acidental. “Ela puxou a bolsa, a arma estava engatilhada e disparou”, contou.

 

Ele conta ainda que o roubo do carro foi encomendado por outro homem, mas não recordava seu nome. Esse mesmo homem lhe entregou o revólver. A versão foi questionada pelo delegado. “Ele tem uma declaração muito fantasiosa. Além de não lembrar quem lhe deu a arma, disse que depois do crime um grupo de rapazes tomou a arma dele. Tudo leva a crer quer a arma é do pai”, declarou o delegado, que disse ter ouvido o PM informalmente e não forneceu detalhes.

 

O crime aconteceu em um domingo, à tarde. Bó declarou que, após o crime, foi direto para casa e não conseguiu dormir à noite. “Fiquei rolando na cama, mas aquela imagem dela vinha à cabeça”. Na segunda-feira, ele fugiu para a cidade de Maragojipe, a 130 quilômetros de Salvador. “Fiquei escondido em um terreiro de candomblé. Já tinha acertado um serviço por lá”, contou o rapaz, que depois de largar os estudos passou a viver de bicos. Cientes de toda situação, os pais conseguiram convencer o acusado a se entregar.

 

Fonte: Redação com informações do Correio/ Foto: Divulgação

OUTRAS NOTÍCIAS