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Delegada bolsonarista é afastada da investigação do assassinato de Marcelo Arruda

Delegada bolsonarista foi afastada das investigações

O governo do Paraná decidiu substituir a delegada Iane Cardoso da investigação do assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu (PR).

Ele foi morto a tiros durante sua própria festa de aniversário no último sábado, quando completava 50 anos. O autor do crime é o agente bolsonarista Jorge Guaranho.

A substituição da delegada aconteceu após internautas resgatarem postagens em que Iane Cardoso faz ataques a Lula e ao Partido dos Trabalhadores.

Em uma das publicações, a delegada diz que “petista quando não está mentindo está roubando ou cuspindo”. Em outra postagem, ela utiliza as hashtags #foralula”, “foradilma e “#foraPT.

Iane Cardoso gerou incômodo e suspeitas após a sua primeira entrevista, quando afirmou que o assassino bolsonarista também era “vítima”.

Quem assumirá a condução da investigação será a delegada divisional de homicídios, Camila Cecconello. A informação foi confirmada ao Pragmatismo pela assessoria da secretaria de Segurança Pública do estado.

Em outra frente, o PT avalia pedir a federalização das investigações do assassinato do militante do partido morto a tiros  por apoiador do presidente Jair Bolsonaro.

“Não foi um crime qualquer. Precisa ser tratado com toda atenção e cuidado. Não é um episódio isolado”, declarou Marco Aurélio Carvalho, coordenador da campanha de Lula.

Antes de ser afastada, a delegada Iane Cardoso chegou a defender a sua continuidade no comando das investigações, mesmo após as polêmicas reveladas.

“Não me defino como petista, nem como bolsonarista. Trato o presente caso como sempre tratei todas as investigações que presidi durante toda a minha carreira: com responsabilidade, honestidade, parcimônia e visando sempre aplicação da lei, em busca da justiça”, afirmou.

No último fim de semana, o guarda municipal e tesoureiro do PT Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, morreu após ser baleado durante sua festa de aniversário em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.

Os disparos que mataram Arruda foram feitos pelo policial penal federal Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador de Bolsonaro.

A celebração era realizada na Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, na Vila A, e tinha como tema o PT e o ex-presidente Lula, que também é pré-candidato ao Palácio do Planalto.

O boletim de ocorrência cita que Guaranho não conhecia a vítima e chegou ao local da festa gritando “Aqui é Bolsonaro!”.

Jorge Guaranho se apresenta no Twitter como “policial penal federal, conservador e cristão”.

Diversas postagens em suas redes sociais demonstram seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro e aos seus aliados.

Em uma das publicações, o policial penal é visto ao lado do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), filho do Presidente da República.

Outra foto mostra Guaranho fazendo um gesto característico do presidente, que simula armas com as mãos.

Guaranho é um dos diretores da associação onde o crime aconteceu. A presidência da associação informou que o atirador ocupava o cargo de secretário no corpo diretor.

Segundo relatos de testemunhas e registro de câmera de segurança, Guaranho apareceu no local da festa pela primeira vez por volta das 23 horas.

Ele estava de carro, acompanhado de uma mulher e um bebê. O policial penal, então, de dentro do veículo, teria apontado sua arma para fora enquanto gritava palavras de apoio a Bolsonaro e ameaçava o aniversariante e seus convidados.

A mulher que acompanhava Guaranho, segundo relatos, teria pedido para ele parar e ir embora. Depois disso, o atirador chegou a dizer que voltaria e mataria “todos vocês, seus desgraçados”. Ela tentou impedir os tiros, mas não conseguiu.

O aniversariante, ao identificar a ameaça, pegou a própria arma. “O Marcelo falou assim: ‘se esse maluco volta, eu vou pegar minha arma’”, relatou uma testemunha.

Ele voltou e o inacreditável aconteceu.

Reuters

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