Planilhas apreendidas pela Polícia Federal na sede da empreiteira Camargo Correa, em São Paulo, contêm nomes de políticos como o vice-presidente Michel Temer (PMDB) ao lado de valores em dólares e de obras de infraestrutura estimadas também na moeda estrangeira.
São feitas duas menções ao nome de Temer no documento, cada uma seguida pelo valor de US$ 40 mil.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Temer negou qualquer vínculo com a empreiteira.
Segundo a assessoria do vice-presidente, ele nunca recebeu recursos da Camargo Corrêa “a qualquer título”.
Ainda de acordo com os assessores do vice-presidente, Temer nunca destinou emendas para obras em Araçatuba e nem para obras rodoviárias em Praia Grande.
Araçatuba e Praia Grande, municípios paulistas, são cidades que aparecem ao lado do nome do vice-presidente nas planilhas apreendidas pela Polícia Federal na sede da empreiteira, ao lado também dos valores de US$ 40 mil.
Na mesma tabela, constam nomes de outros deputados, senadores e prefeitos.
A PF não faz nenhuma análise sobre o documento porque os políticos mencionados detêm foro privilegiado perante os tribunais superiores – no caso dos parlamentares, o Supremo Tribunal Federal (STF) detém competência exclusiva para abrir investigação.
Sem autorização da Corte, a PF não pode investigar deputado nem senador.
A PF apenas juntou aos autos da Operação Lava Jato o documento apreendido na empreiteira, que é alvo da investigação por suspeita de ter integrado o cartel que assumiu o controle dos maiores contratos da Petrobrás.
Não há nenhuma menção nas planilhas encontradas na empreiteira a um suposto caixa 2 ou pagamento de propinas.
São nomes lançados ao lado de valores.
Na apreensão, a PF também encontrou planilhas que apontam doações que teriam sido feitas pela empresa a políticos do PT, PSDB, PMDB, DEM, PDT e PT nas eleições de 2012.
Os nomes dos políticos aparecem em tabelas, organizadas por partidos. políticos citados nas planilhas vem acompanhados por números isolados.
A primeira tabela é reservada aos políticos do PT.
O material foi apreendido pela polícia durante o cumprimento de um dos mandados de busca da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobrás envolvendo políticos e empreiteiras.
O criminalista Celso Vilardi, constituído pela Camargo Corrêa, disse que não iria comentar o documento apreendido pela PF porque não teve acesso a ele.
Ricardo Brandt, Ricardo Chapola e Fausto Macedo