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Doria esconde R$ 1 bilhão para combate à pobreza e corta programas sociais

João Doria Jr. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Desde o início do mandato, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vem cortando verbas e atendimento de programas sociais como Viva Leite, Renda Cidadã, Bom Prato e Ação Jovem, alegando falta de recursos.

No entanto, o tucano tem pouco mais de R$ 1 bilhão guardado no Fundo Estadual de Combate à Erradicação da Pobreza (Fecoep), que aguarda a nomeação de um conselho para administrar e aplicar o recurso no combate à pobreza.

Passados quase 11 meses de governo, Doria ainda não definiu os membros do colegiado. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.

O recurso é proveniente de uma taxação adicional de 2% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de produtos considerados supérfluos, como bebidas alcoólicas e cigarros.

O governo paulista arrecadou R$ 1,7 bilhão entre 2016 e 2018, cuja maior parte compõe o fundo de combate à pobreza.

Outros R$ 700 milhões foram destinados ao Fundo de Financiamento da Educação Básica (Fundeb).

O valor do fundo de combate à pobreza é maior do que o que o governo paulista investiu no Bom Prato desde a fundação do programa.

E também pagaria sete anos do Programa Viva Leite.

O governo Doria alegou que os recursos acumulados são os arrecadados nos governos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB) e que está aplicando as verbas deste ano, mas não detalhou de que forma.

Em 2019, o Fecoep arrecadou R$ 563 milhões.

O corte em programas sociais contrasta com os dados de aumento da miséria, divulgados pelo IBGE no último dia 6. Segundo o instituto, o Brasil chegou a 13,5 milhões de pessoas na extrema pobreza em 2018, equivalente a 6,5% da população, nível recorde desde 2012.

O instituto adota critério do Banco Mundial, que inclui na extrema pessoa quem tem renda mensal per capita inferior a US$ 1,90 por dia.

“Esse número é equivalente à população de Bolívia, Bélgica, Cuba, Grécia e Portugal”, destacou o IBGE.

O país tem também 52,5 milhões na chamada linha da pobreza, vivendo com menos de R$ 420 per capita por mês.

O índice até caiu de 2017 para 2018, de 26,5% para 25,3% da população, mas, como lembra o instituto, está longe do melhor resultado da série: 22,8%, em 2014.

O gerente do estudo, André Simões, criticou os cortes em programas sociais em um momento em que vem crescendo a população que demanda ações de combate à pobreza.

“Esse grupo necessita de cuidados maiores que seriam, por exemplo, políticas públicas de transferência de renda e de dinamização do mercado de trabalho.

É fundamental que as pessoas tenham acesso aos programas sociais e que tenham condições de se inserir no mercado de trabalho para terem acesso a uma renda que as tirem da situação de extrema pobreza”, disse.

Kiko Nogueira

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