“Política é a arte do possível”. Ouvi essa frase ser repetida muitas vezes em 1984 pra convencer a quem ainda relutava.
Ora, a gente que passou anos militando numa organização clandestina,
semeou pacientemente a rebelião, conspirou, confrontou… na nossa cabeça, o fim da ditadura militar viria com uma revolução redentora, uma insurreição que poria abaixo todo o sistema capitalista, com a tomada de fábricas e portos, inclusive do couraçado Potemkim, não podíamos imaginar outra saída.
Qual o que… depois da derrota da emenda das Diretas Já em abril de 1984, a realidade nos “brindou” com a chapa Tancredo e Sarney, para disputar no Colégio Eleitoral, órgão criado pela ditadura para se perpetuar no poder.
Caberia a dupla Tancredo e o dissidente da ditadura Sarney realizarem a “transição democrática”.
Todos juntos numa frente ampla contra o candidato da ditadura, o fascínora Paulo Maluf…
Não tinha terceira via, a opção era Tancredo ou Maluf. Tivemos que apoiar um “liberal-burguês” de centro, o único que era capaz de conquistar votos dos dissidentes da ditadura e deslocar os militares do poder. A estratégia deu certo e assim acabaram-se 21 anos de reinado militar.
Valeu a pena investir nesse caminho? Sem a mínima dúvida! Ao menos passamos a ter eleições livres, constituinte, liberdades democráticas…
Agora em 2022, não se engane: se repete o mesmo confronto, democracia x ditadura, civilização x barbárie. Com uma diferença brutal: temos como candidato favorito Lula, filho das lutas do povo, você goste ou não goste dele, é a opção democrática que temos hoje.
Ou a gente se junta, ou o capeta vai continuar destruindo o país.
Não tem como vacilar.
Ah! Quanto à foto: 1984, Tancredo Neves visita a Frente Democrática em Salvador. Eu, que nasci há 10 mil anos atrás e vi a pedra que rolou da ribanceira, tô ali no meio para entregar a “pauta estudantil”.
Obrigado amigo Denis que me enviou a foto. Não tenho certeza do autor mas creio que é Miltinho.
Carlinhos Andrade
