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Estudo propõe técnica para avaliar paciente que sai do coma

Saber com certeza se um paciente pode acordar do coma para decidir sobre a continuidade, ou não, do tratamento: técnica promissora está sendo testada por pesquisadores

Saber, com certeza, se um paciente pode acordar de um coma para decidir continuar, ou não, com o tratamento: uma técnica promissora está sendo testada com esperança pelos pesquisadores para evitar arrependimentos e dor de consciência em longo prazo.

Publicado no final de fevereiro na revista “Lancet Neurology”, o estudo diz respeito a um tipo específico de coma – aqueles decorrentes de paradas cardíacas.

Realizado em 14 centros na França, na Itália e na Bélgica, o trabalho considerou 200 pacientes adultos em coma depois de sete dias.

Os pesquisadores aplicaram nos pacientes uma técnica particular de Imagem por Ressonância Magnética (IRM) para medir o movimento da água na substância branca do cérebro, que permite a conexão entre os neurônios.

Ao medir o grau de desorganização desse movimento, os cientistas estabeleceram os limites que permitem diagnosticar as chances que os pacientes têm de acordar após seis meses.

“Acima de um certo limite, temos certeza de que vai acontecer; abaixo, temos certeza de que não. Na zona cinzenta, é preciso esperar”, explica à AFP o professor Louis Puybasset, do Hospital Pitié Salpêtrière (Assistência Pública – Hospital de Paris, AP-HP), que coordenou o estudo.

“É uma medida anatômica, que não flutua”, afirma.

Daí o interesse no longo prazo: “ter um número de evidências muito elevado” para poder tomar a decisão de parar – ou de continuar – os cuidados, de acordo com o que podemos prever do que acontecerá com o paciente.

“Em alguns países, os tratamentos são descontinuados muito rápido. Em outros, continuam por muito tempo. Depende muito das opiniões. O objetivo é sair da cultura da opinião para se basear em provas sólidas”, completa o professor Puybasset.

Isso permitirá, segundo ele, ser “muito pedagógico para as famílias”, enquanto as polêmicas éticas sobre a descontinuidade dos cuidados dos pacientes mergulhados em coma surgem com frequência.

“Quanto mais as medidas são confiáveis, mais a confiança está lá”, alega.

“Essa técnica é superior a todos os outros testes usados até hoje”, comentou o AP-HP em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, ressaltando que esses resultados precisam, agora, “serem confirmados por testes em larga escala”.

Embora o estudo publicado trate apenas dos comas decorrentes de paradas cardíacas, os pesquisadores trabalham com a aplicação dessa técnica para outros tipos de coma, como traumatismo craniano e rompimento de aneurisma. Também parece aplicável nesses casos, com limites que variam segundo as patologias.

Comas resultantes de paradas cardíacas são “simples, porque todos reagimos da mesma maneira. Nos casos de traumatismos cranianos, a zona cinzenta é maior”, porque são todos diferentes, descreve o professor Puybasset.

 

AFP

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