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Proteste encontra bactéria Salmonella em carne de empresas investigadas na operação Carne Fraca

Teste identifica irregularidades em carnes de ¨empresas.

A Proteste, empresa que atua na defesa e no fortalecimento dos direitos dos consumidores, divulgou na quinta-feira (4) os resultados de um teste realizado com 26 amostras de carnes e derivados adquiridas em supermercados da cidade de São Paulo. A iniciativa acontece após a Operação Carne Fraca – investigação que apura um esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura e frigoríficos.

Foram encontrados problemas nos lotes das seguintes empresas, de acordo com informações da Proteste.

A bactéria teria sido encontrada na amostra da Friboi, que pertence ao grupo JBS – o que contraria a exigência de ausência em 25g do produto. Segundo a PROTESTE, a presença desse micro-organismo revela, provavelmente, contaminação durante as operações de abate, processamento e embalagem.

A Friboi informou que não há registro de qualquer não conformidade com o produto contrafilé e que são feitas análises em seus laboratórios internos. “São feitas, em média, 2,3 mil análises mensais para pesquisa de microrganismos Salmonella ssp com métodos analíticos indicados para pesquisa em carne in natura, aprovados por órgãos internacionais e validados por comparação com ISO 6579″, diz a empresa em nota.

A Friboi ainda contesta a forma de avaliação da Proteste. “O método analítico utilizado não é o indicado para a pesquisa do microrganismo citado e o laudo apresentado não atende ao padrão estabelecido pela norma técnica da ABNT ISO/IEC 17025/2005 para emissão de resultados”.

Amostras com bactéria

Em outros cinco produtos avaliados foi encontrada a bactéria listeria. Ou seja, 1/4 das amostras analisadas pela Proteste estavam contaminadas com o microorganismo.

A bactéria afeta pacientes com baixa imunidade, gestantes, idosos e recém-nascidos, levando a uma taxa de mortalidade que varia entre 20 e 30%. O micro-organismo não acomete pessoas saudáveis, fora da gestação e com a imunidade normal.

Os sintomas da listeriose parecem com os da gripe, somados a diarreia e febre moderada – mas em algumas situações, os sinais não aparecem.

No Brasil, não há norma regulando a presença de listeria em carne. Para a PROTESTE, a norma deveria, no mínimo, exigir ausência da bactéria.

Os resultados da pesquisa foram encaminhados para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). No documento, a instituição de defesa do consumidor também exigiu maior fiscalização e esclarecimentos sobre quais medidas serão tomadas.

Outro lado

A Seara informou que não há registro de qualquer não conformidade com o produto filé de peito de frango da marca e ressalta que qualidade é prioridade para a marca. “Todos os produtos da Seara seguem rigorosamente as exigências do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a companhia entende a sua responsabilidade para assegurar a qualidade e segurança de seus produtos, mantendo rigoroso Sistema de Qualidade, com programas e padrões de controle de processos e produtos, e também de constantes inspeções sanitárias internacionais e de clientes”.

“A empresa esclarece que não teve acesso à metodologia adotada nos testes de seus produtos, laboratórios em que foram realizados, locais em que foram adquiridos, condições em que os produtos foram armazenados e critérios adotados”.

Além disso, a marca ainda afirma que a Anvisa apenas exige a ausência da bactéria Listeria monocytogenes em alimentos prontos para o consumo. “Neste sentido, todos os testes feitos pela Proteste nos produtos da Seara atenderam por completo os requerimentos legais estabelecidos pela Anvisa, diferindo da publicação feita pela Proteste”.

A Marfrig declarou que realizou testes na amostra mencionada e não detectou a presença da bactéria listeria. “Temos um rigoroso processo de garantia da qualidade e de segurança alimentar, mantendo toda a documentação pertinente aos testes realizados em amostras coletadas de cada lote”.

“O produto só é liberado para o mercado após a validação da área de garantia de qualidade. As unidades de produção passam ainda por auditorias periódicas realizadas por empresas independentes”, finalizou a empresa, em nota.

A Naturafrig, citada na pesquisa da Proteste, afirma que o SIF mencionado não pertence à empresa, e sim a NaviCarne. “É totalmente errôneo, não tem nada a ver com a Naturafrig”, informou a Naturafrig.

A empresa ressalta que a produção e comercialização de seus produtos seguem rígidas normas e padrões internacionais de segurança. “Cumprimos com toda a legislação estabelecida pelo MAPA, inclusive realizando análises microbiológicas de rotina, que atestam a conformidade com os padrões estabelecidos ao nosso setor produtivo”.

A Naturafrig reafirma o seu comprometimento em fornecer produtos da mais alta qualidade e segurança aos seus clientes e
consumidores, e diz que não recebeu nenhuma comunicação da PROTESTE referente à pesquisa, logo não teve acesso ao laudo de análise, para verificação da veracidade dos resultados.

Procurada, a NaviCarne não respondeu.

Os responsáveis pelas empresas FriAlto e Better Beef não foram localizados.

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