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Sérgio de 14 anos sofre de uma doença rara: o gigantismo

Com 14 anos, Sérgio Gabriel Ribeiro mede 2,13 metros, mas ainda pode chegar a 2,30 metros.

Um adolescente de 14 anos sofre de uma doença rara: o gigantismo. Sérgio Gabriel Ribeiro mede 2,13m de altura e calça 47. Devido à doença, o jovem faz acompanhamento no Hospital Universitário de Brasília (HuB), porém, nem todos os remédios de que ele precisa, segundo a mãe, são oferecidos pela rede pública.

Sérgio mora com a mãe, a dona de casa Ricardene Ribeiro, 52. A mulher é viúva e cria dois filhos com os R$ 954 que recebe de pensão do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Dos cinco remédios que deve tomar sempre, a mãe afirma que a maioria não consegue retirar na rede pública, pois estão sempre em falta. Com dificuldades financeiras, a mãe acaba “sorteando” qual medicamento ela vai comprar. Segundo Ricardene, o menino até tenta levar uma vida , mas sofre de desmaios e fortes dores de cabeça.

A Secretaria de Saúde do DF nega a falta de quatro medicamentos, apenas confirma que não tem distribuído um deles. O órgão diz ainda que não tem registros de retirada de remédios no nome de Sérgio há um ano –o que a mãe diz que se deve à falta dos insumos.

Os médicos descobriram a doença do garoto quando ele tinha cinco anos. Segundo especialistas, o gigantismo ocorre quando há um excesso de hormônio do crescimento no corpo. Essa substância, que é produzida na região cerebral, existe em quantidades variáveis ao longo da vida. Exames indicam que Sérgio pode atingir até 2,30m.

A mãe do garoto conta que a saúde dele do garoto delicada. ”É que o excesso de hormônios causou um tumor, do tamanho de um limão, no cérebro do meu filho. Ele teve que fazer uma cirurgia, para a retirada dos edemas, e perdeu a visão do olho esquerdo. Uma tristeza só”, explica a dona de casa.

A cirurgia não conseguiu retirar todo o tumor, e o adolescente espera o resultado de exames para saber se terá de passar novamente por uma operação.

“Quando eu tinha nove meses, tinha porte de dois anos. Então me acostumei a ter esse tamanho. O que não quero mais mesmo é ser internado de novo. É muito chato, sabe? Passei muito tempo dentro de um hospital, sem poder ver meus amigos e brincar”, diz o adolescente.

A família vive há dois anos no Paranoá Parque, região que fica a 27 km de Brasília. A casa é simples e Sérgio precisa ter cuidado para não bater em nada. A cama, já não o cabe mais, as roupas que o serviam, tiveram que ser doadas.Os pés também ficaram grandes demais. A maioria de seus tênis já não entra mais.

A família passa por todo tipo de dificuldade, precisam de doações de roupas, alimentos, remédios e até ajuda financeira. Além disso, Sérgio estuda no CEF 02 do Paranoá, que fica no início da cidade. Sem acesso ao ônibus escolar,a família gasta com o deslocamento até a escola. Em dias que não há dinheiro para a passagem, Sérgio falta à aula.

“O dinheiro é pouco, os gastos são além do que posso ter. As roupas não duram, os remédios são muitos. Eu tenho diabetes, também preciso de remédios”, disse.

O UOL entrou em contato com a Secretaria de Saúde para saber o motivo de Sérgio não conseguir os medicamentos. Em nota, a pasta disse que a última vez que o adolescente retirou o medicamento foi em janeiro do ano passado. Como faz muito tempo, ele precisa refazer o cadastro. Isso pode ser feito nas farmácias da Asa sul, Ceilândia e Gama.

A Secretaria também disse que de todos os remédios que o Sérgio Gabriel precisa, um está em falta. No processo de compra, não apareceram fornecedores interessados. Uma nova licitação foi aberta.

A secretaria de Estado de Educação informa que o referido aluno possui a carteirinha do ensino especial, que dá direito ao transporte público gratuito. A pasta esclarece ainda que o aluno pode solicitar o transporte especial,  para isso, basta os responsáveis irem à escola e solicitarem o transporte especial. Segundo a diretoria do CEF 2 do Paranoá, os responsáveis pelo aluno nunca fizeram esse pedido à unidade de ensino.

A mãe diz que a informação que recebeu da escola é diferente. ”A professora até me disse pra juntar com outras mães pra ir na regional de ensino. Na secretaria da escola, já falei com várias pessoas. A regional de ensino disse que ele não era cadeirante e só em caso de cadeirante, teria direito ao ônibus.”

Jéssica Nascimento

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