Reza a lenda que política, futebol e religião não devem ser discutidos – são assuntos que podem render muita polêmica. O que dizer, então, de juntar humor e religião? É isso o que alguns youtubers evangélicos têm feito e que, até aqui, tem garantido o sucesso de seus canais. Nesta terça-feira, dia 09, o ‘Conversa com Bial’ recebe alguns desses jovens que já são celebridade na internet.
Vinícius Rodrigues, por exemplo, é mais conhecido como o Pastor Jacinto Manto, do canal “Tô Solto”, que já conta com mais de 700 mil inscritos. Na página, são famosas suas versões de hits da música com termos bastante comuns entre os evangélicos, como “Deu Onda – Paródia Gospel”. “Eu sempre fui muito brincalhão, comecei a fazer alguns memes, a página cresceu e as pessoas encontraram algo espiritual ali”, explica Vinícius.
E como acontece com qualquer pessoa que expõe um trabalho na internet, as críticas apareceram. “Os zelosos da fé fiscalizam, tem gente que se sente ofendido com algumas coisas. Mas a gente tem que rir dos nossos próprios defeitos”, opina.
Com as críticas, Priscilla Alcântara aprendeu a lidar cedo, bem cedo: ela tem 20 anos de idade e 14 anos de vida pública. Ela apresentou o programa infantil ‘Bom Dia & Cia’ (SBT) ainda criança e, nos últimos anos, decidiu entrar no mundo da internet. O canal “Vlog de Tudo”, em que ela fala principalmente sobre religião, tem quase 1,5 milhão de inscritos.
“Tenho uma conexão muito bacana com o público e os meus pais sempre foram evangélicos, eles eram músicos na igreja, onde eu cantava desde os 2 anos. Me achava a Beyoncé no culto”, brinca. Assim como Vinícius, ela encara dificuldades com o que faz: “Tem muitos religiosos que não gostam do que eu faço, mas tenho uma vida com Deus, então, está tudo bem”.
“Cristão de berço”, como ele mesmo diz, Ton Carfi viu a música mudar sua vida e, hoje, tem quase 400 mil inscritos em seu canal de vídeos. “Desde criança, sofri muito preconceito por ser negro. Tinha tanto complexo que nem entrava em loja de shopping. Comecei a ouvir a verdadeira música negra, comecei a cantar, e isso mudou minha vida”, conta.
Para o professor de sociologia Ricardo Mariano, o cenário dos evangélicos mudou muito no país. “Hoje, eles representam 60 milhões de brasileiros, com um perfil mais jovem e urbano. Antes, os pentecostais ficavam reservados às suas casas, igrejas e trabalho. Nos últimos anos, eles ocuparam todas as mídias, grupos partidários, o comércio”, comenta.
Vitor Pecolli