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Mês sagrado para muçulmanos doces e orações marcam o fim do Ramadã

Mulheres ficam em um ambiente separado dos homens.
Muçulmanos ao redor do mundo celebraram na sexta-feira (15) o fim do Ramadã. Um mês sagrado que faz parte do calendário islâmico, quando religiosos jejuam durante o dia, rezam e celebram Alcorão, o livro sagrado. Para marcar o fim deste período, festa com um banquete foi realizada na Mesquita Luz da Fé, na Vila Planalto, em Campo Grande.

Seis horas da manhã e o som das orações já ecoavam na mesquita. Homens se reúnem no salão principal, mulheres ficam em um canto, protegidas com um lenço que as tiram da visão dos homens, como forma e sinal de respeito. “Querendo ou não, uma mulher chama atenção do homem quando passa”, justifica uma das muçulmanas.

 

Com a chegada da reportagem, a equipe do Lado B é convidada a participar da cerimônia. Assim como todos, tiramos os sapatos. Enquanto o fotógrafo é direcionado para a ala masculina, uso outra porta para me unir às mulheres e neste momento, é necessário o uso hijab, o tradicional lenço de cabeça. “Aqui está o seu”, diz uma delas que entrega um hijab simples de colocar, ao perceber que teria pouca habilidade em ajustar um lenço maior na cabeça.

Muçulmanos ao redor do mundo celebraram na sexta-feira (15) o fim do Ramadã. Um mês sagrado que faz parte do calendário islâmico, quando religiosos jejuam durante o dia, rezam e celebram Alcorão, o livro sagrado. Para marcar o fim deste período, festa com um banquete foi realizada na Mesquita Luz da Fé, na Vila Planalto, em Campo Grande.

Seis horas da manhã e o som das orações já ecoavam na mesquita. Homens se reúnem no salão principal, mulheres ficam em um canto, protegidas com um lenço que as tiram da visão dos homens, como forma e sinal de respeito. “Querendo ou não, uma mulher chama atenção do homem quando passa”, justifica uma das muçulmanas.

Com a chegada da reportagem, a equipe do Lado B é convidada a participar da cerimônia. Assim como todos, tiramos os sapatos. Enquanto o fotógrafo é direcionado para a ala masculina, uso outra porta para me unir às mulheres e neste momento, é necessário o uso hijab, o tradicional lenço de cabeça. “Aqui está o seu”, diz uma delas que entrega um hijab simples de colocar, ao perceber que teria pouca habilidade em ajustar um lenço maior na cabeça.

Para algumas, o véu é um símbolo forte de identidade religiosa e cultural e por isso é usado todos os dias. Mas em Campo Grande, muitas só usam o acessório em eventos de família ou quando estão presentes na mesquita. “É também uma forma de respeito e proteção”, completa uma delas.

No ambiente feminino, as mais novas dão lugares às mulheres mais velhas. Algumas já estão em silêncio, fazendo orações e acompanhando o ritual que acontece do outro do lado do salão, separado por um tecido, normalmente, são as esposas. Quando o sheik anuncia o início da oração, elas se posicionam lado a lado e ouvem atentas. Em determinado momento, se curvam e deitam no chão enquanto rezam, o mesmo acontece entre eles.

A oração “oficial” dura, aproximadamente, 30 minutos. Após uma manifestação, em árabe, parte das mulheres se despedem da sala e vão para fora organizar o banquete. Algumas fazem questão de rezar até o último minuto. “É um momento sagrado de agradecimento por esse período cumprido com fé, amor e respeito à nossa religião”, explica a libanesa Sihame  Ghandou, de 72 anos, uma das últimas a deixar o ambiente de orações.

Na rotina dos fiéis islâmicos durante o Ramadã, eles não podem comer durante o dia. Sexo e bebidas também estão entre características do jejum. Eles acreditam que o período contribui para que os fiéis exerçam a paciência e a generosidade, explica um dos colaboradores da mesquita Willy Antônio. “Esse momento representa a entrega do jejum, de muita felicidade para quem fez a obrigação e uma realização pessoal”.

Na visão dele, os preceitos da religião islâmica é a esperança. “Imagina se fossemos doutrinados desde pequeno de que não há o que ou quem acreditar? O ser humano seria muito pior, ele não teria não teria medo e por isso,  pra gente a religião é a esperança. Por mais céticos que nós podemos ser, todo mundo tem que acreditar em algo”.

Mais do que festejar e saborear tudo aquilo que deixou de ser consumido durante o Ramadã, a festa marcou a reversão de Valesca Zschornack, de 45 anos, que durante décadas foi uma mulher cristã e ontem tornou-se, oficialmente, uma muçulmana. “Só conhecia e estudava a cultura árabe, mas até então não era islâmica. Com conhecimento, passei a me interessar e decidi conhecer a mesquita”.

Valesca aproveitou a festa nesta sexta-feira para comunicar a todos sobre a religião. “Foi a minha procura por Deus e a forma como eu entendi o que era Deus que me trouxe até aqui. Fui me identificando com o Islã, passei a participar e me tornei muçulmana há seis meses”.

Assim como Valesca, a comerciante Maria Amélia Dias, de 41 anos, comemora seu quarto Ramadã. “Também vim de uma família cristã e depois que vi uma reportagem sobre as comidas do Ramadã, eu fiquei curiosa em como as mulheres cozinhavam sem sentir fome durante o jejum. Foi quando comecei a pesquisar, me identifiquei, estudei e logo fiz a reversão”.

Doces e lembranças – Ao final das orações e cumprimentos entre fiéis, muçulmanos celebram a quebra do jejum com uma mesa farta. Na mesquita de Campo Grande o ritual se dá pelo compartilhamento, cada um leva um prato especial para o café da manhã, com bolos, pães, esfirras e doces árabes.

Muitas pratos foram inspirados nas receitas de família e como lembrança, um dos fiéis levou doces em pacotinhos acompanhado de um mini Alcorão. “Esse livro não pode ficar em qualquer lugar, ele deve ser tratado com cuidado, amor e respeito. Ele é como uma bíblia que normalmente é usada pelos cristãos. Pra gente o Alcorão é muito importante”, orienta uma das fiéis ao se despedir da equipe com doces e o livro sagrado.

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