A Unicamp iniciou às 12h desta terça-feira (15) a primeira assembleia extraordinária da história da universidade. Alunos, professores e membros da administração se reúnem no Ciclo Básico do campus de Campinas (SP) para discutir e votar uma moção em defesa da ciência, educação e autonomia universitária. A previsão é encerrar o debate por volta de 14h.
O reitor da Unicamp, Marcelo Knobel, fez o discurso de abertura. Em seguida utilizam o microfone representantes da graduação, pós-graduação, do Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp, da associação de docentes, além de representantes do Consu e dos professores emérito. Cada fala de representantes terá cinco minutos.
“Neste local, que já serviu de palco para outros movimentos memoráveis da história da Unicamp e do país, ouviremos manifestações hoje de pessoas com convicções e pensamentos distintos unidas em prol do mesmo objetivo”, disse o reitor, na abertura.
“O momento é grave, a gente está enfrentando provavelmente o que são um dos maiores ataque na universidade pública. É o Future-se que vem para acabar com os pilares da universidade pública, é o contingenciamento de verbas para pesquisa da Capes e da CNPQ”, enumera um dos representantes dos estudantes.
A leitura e votação da moção deve durar 15 minutos. Discursos externos à comunidade da Unicamp vão ocorrer em seguida. Por fim, haverá falas abertas e o reitor retorna para encerrar a assembleia.
A convocação da extraordinária foi aprovada na reunião do Conselho Universitário (Consu), órgão máximo de deliberação da instituição estadual, em 24 de setembro. Na ocasião, Knobel afirmou que a assembleia reunia a comunidade acadêmica em uma causa comum e que foram os estudantes de graduação e pós que reivindicaram o pleito.
Apesar de ser a primeira extraordinária da universidade, a assessoria de imprensa afirma que um protesto ocorrido em 1981 contra a tentativa de intervenção na administração da Unicamp pelo ex-governador Paulo Maluf, à época do regime militar, teve proporções semelhantes. O ato, no entanto, não foi convocado.
A convocação da assembleia ocorreu em meio aos anúncios de contingenciamento de verbas feito pelo governo federal. Na segunda-feira (14), Planalto anunciou a liberação de R$ 7,12 bilhões do orçamento e vai detalhar quanto cada ministério receberá em um decreto presidencial na semana que vem.
Corte de bolsas da Capes e CNPq
No dia 2, a Capes anunciou cortes de 5.613 bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorado no Brasil, a partir deste mês. Foi o terceiro comunicado do tipo neste ano. Ao todo, a Capes vai deixar de oferecer cerca de 11 mil bolsas e não serão aceitos novos pesquisadores neste ano.
Na Unicamp, a lista deve refletir em 58, segundo a universidade. Com isso, o contingenciamento total sobe para 115, já que o Conselho havia restringido a verba para 57 bolsas em maio e junho.
Modalidades de pós-graduação afetadas em setembro na Unicamp pelo corte da Capes:
Mestrado: 31 bolsas
Doutorado: 26 bolsas
Pós-doutorado: 1 bolsa
Em agosto, o CNPq anunciou a suspensão da assinatura de novos contratos de bolsas de estudo e pesquisa. Ao todo, 478 pesquisadores de mestrado e 635 de doutorado dependem de bolsas do CNPq na Unicamp. Além deles, cerca de 650 da graduação têm contratos de iniciação científica.
G1