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Sem direitos e lutando para não morrer de fome/por Carlos Lima

Desde o ano de 2020, o país vive um processo de profundos ataques aos direitos sociais e trabalhistas, à soberania nacional, ao meio ambiente, à cultura e, mesmo, a conquistas civilizatórias básicas.

No entanto podemos identificar que esse processo, teve início com o governo de Michiel Temer, se acentuou de forma inesperada em 2019.

O governo de Bolsonaro não faz segredos de que governa para os ricos e o grande capital.

Tanto é verdade que durante campanha, não enganou ninguém ao dizer: “As pessoas têm que decidir se querem emprego ou direitos”.

Decidiram pelo emprego e ficaram sem emprego e sem direitos.

O que observamos na grande mídia é que no inicio do governo, funciona exageradamente, na maioria das vezes como uma espécie de estado-maior da burguesia.

Algumas estão reconhecendo o erro, outras fazem opção pelos recursos federais que lhes são destinados. Entretanto, o desastre parece eminente.

No momento, a dominação de classe não corre riscos e a burguesia possui a certeza e uma enxurrada de razão para estar satisfeita com o quadro atual.

Nem a pandemia afetou negativamente a construção e o acumulo de riquezas.

Preferem uma democracia liberal, sempre esvaziada de substância, do que uma provável ditadura do presidente Bolsonaro.

Portanto mudanças radicais que visem uma concentração de poder no país estão descartadas nesse momento.

A política de ódio, que aniquila, direitos, e garanta a ampliação das margens de lucro nos atuais tempos de crise, é aceita por um número cada vez menor de grandes empresários, sentem o desastre que pode ocorrer num futuro não muito distante.

Portanto o saco de maldades que atinge a população mais pobre, utilizados no início de governo não encontra a mesma aprovação.

O próprio governo já descobriu que os liberais não estão com ele incondicionalmente.

Aliás, nas passeatas que andaram fazendo os setores mais fascislizados da direita, mudam de alvo na esperança de desacreditar o poder jurídico e Legislativo do país.

Assim, se não há unidade nas classes dominantes em torno de uma proposta de fechamento do regime, o projeto econômico implementado pelo “chicago boy” Paulo Guedes é a única esperança de continuidade para ampliação de suas riquezas

E pode ser levado a cabo, em caso de desequilíbrio, o impeachment não iria alterar o sistema uma vez que o vice-presidente faz parte desse mesmo grupo e ainda possui o apoio das Forças Armadas.

Mas, como chegamos a essa situação?

O que levou um medíocre deputado, integrante do baixo clero da Câmara, a conquistar essa posição, sr o presidente do país?

É bom lembrar que, como pano de fundo existe uma profunda reconfiguração do mundo do trabalho.

O próprio Brasil mudou muito.

Não é mais o mesmo país da luta pelas diretas ou o dos movimentos do ABC e de outros trabalhadores organizados.

O metalúrgico grevista de ontem está desempregado, vendendo frutas e verduras numa banca na rua.

O trabalhador de nível superior de ontem dirige Uber.

O Clube de Engenharia estima em 150 mil o número de engenheiros atualmente desempregados no país.

Essa é a nossa fragilidade atual. Primeiro lugar colocar comida na mesa.

Nossa força foi quebrada pelo desemprego provocado inicialmente pela Lava Jato, depois pelas políticas adotadas pelo governo federal.

Conseguiu quebrar nossa altivez, nosso orgulho de ser brasileiro, nossa condição de lutar pela soberania do nosso país e pelos nossos direitos constitucionais, passamos ser um povo humilhado, lutando apenas para não morrer de fome.

Carlos Lima

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