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Após viver 5 anos no HEC, criança volta para casa

Aos sete anos de idade, a menina Letícia Oliveira começa a viver as primeiras experiências em um lar convencional. Ela morou por cinco anos em unidades pediátricas da Bahia e deixou o Hospital Estadual da Criança (HEC), em Feira de Santana, na manhã desta terça-feira (8), para resgatar uma vida de convivência familiar e integração social. Nesse período, a única vez em que a criança deixou a unidade foi em dezembro de 2012, quando foi levada para visitar o papai noel em um shopping.

Aos dois anos, Letícia deixou a residência no bairro de Caraíbas para começar uma maratona de exames, cirurgias e tratamentos contra uma insuficiência respiratória crônica. Inicialmente, em fevereiro de 2009, a menina foi internada no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), no centro de Feira de Santana. Em setembro de 2010, após a inauguração do HEC, foi transferida para a unidade exclusivamente pediátrica, onde morou desde então.     

De acordo com o pediatra Márcio Torres, que acompanha a criança desde a entrada no HCA, Letícia foi atendida há cinco anos com quadro de infecção do sistema nervoso central, que resultava em crises convulsivas. No período, segundo o médico, foi detectado que, “ao entrar em sono profundo, ela [a menina] parava de respirar”.

A partir de então, Letícia precisou passar por intubações prolongadas a fim de regularizar as funções respiratórias. Para facilitar este processo, a menina foi submetida a um procedimento cirúrgico conhecido como traqueostomia, quando um orifício é aberto no pescoço do paciente para possibilitar a ventilação mecânica.

“Independentemente [do problema de saúde], o cognitivo dela foi desenvolvido normalmente”, informou. Atualmente, Letícia anda, mas ainda não conversa, devido a cânula de traqueostomia inserida no pescoço. No entanto, o hospital se comprometeu a conceder a ela uma válvula de fala para ela passar a se comunicar, segundo recomendação da equipe de fonoaudiologia.

Despedida

Para a despedida de Letícia, que criou um laço quase que parental com o quadro funcional da unidade, os funcionários do hospital preparam uma festa em que a menina teve direito a uma coroa de princesa, a paródias musicais e animações do grupo “Terapia do Riso”, que realiza trabalhos de humanização na Bahia.

De acordo com o médico Márcio Torres, Letícia já poderia ter deixado a unidade anteriormente, mas as condições residenciais da família não possibilitavam a alta médica. Para resolver o problema, as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) realizaram a reforma da casa, onde moram os pais da criança e mais oito filhos. Eles moram em uma região carente de Feira de Santana.

Em entrevista ao G1, a mãe da menina, a dona de casa Erenilda Peixoto, que cuida da filha em tempo integral, disse que nunca perdeu a esperança de que a garota fosse deixar o hospital um dia. “Sempre tive fé e nunca deixei de orar. Hoje, a felicidade é muito grande. Agora, a família em casa está completa”, falou, emocionada.

De volta para casa, Letícia continuará usando equipamento de respiração ao dormir. O material foi fornecido para a família por meio da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). O pai de Letícia, o pedreiro Crispin Anunciação, disse que ficará em paz a partir de agora. “Meu sonho era ter a minha filha de novo em casa. Estou muito feliz”, relatou.

Fonte: As informações são do G1/ Foto: Henrique Mendes

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