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Setor sucroenergético sofre com ausência de políticas públicas.

Mato Grosso do Sul está entre os cinco maiores estados em moagem de cana e ocupa 3ª posição em produção de etanol hidratado e 4ª em etanol total. “Apesar dos bons números, o setor perde diante da ausência de políticas públicas que definam o papel do etanol na matriz de combustíveis líquidos e o da biomassa na matriz de energia elétrica”, destacou o diretor de agronegócios do Itaú BBA, Alexandre Figliolino, durante o 2º Canacentro, realizado em Campo Grande (MS).

 

Figliolino afirma que, em 2012, o prejuízo resultante da não paridade com os preços internacionais, causado pela importação da gasolina, foi da ordem de R$ 1,6 bilhão. Em 2013, esse prejuízo foi de R$ 1,24 bilhão. Para 2014, a perda estimada é de R$ 2,9 bilhões. Apesar desse quadro, a oferta de bioeletricidade de bagaço de cana tem crescido ao longo dos últimos anos, porém muito abaixo do potencial, reflexo dos leilões mais antigos. O preço médio da venda de energia elétrica para biomassa tem caído ao longo do tempo, apesar de leve recuperação nos últimos leilões.

 

O cenário apresentado desencadeia no setor perdas de investimentos e instalação de novas empresas. “A conta de combustíveis líquidos e energia uma hora vai chegar ao consumidor, e a falta de investimentos na produção de energia limpa pode gerar efeitos muitos danosos no futuro”, comenta o diretor, ressaltando que se o governo investisse na produção de energia de biomassa, haveria maior competitividade para o segmento.

 

Outro entrave para o setor, principalmente em Mato Grosso do Sul, é o logístico. O Estado fica distante dos principais portos. De acordo com levantamento da Bloomberg, o custo do transporte de açúcar até o porto de Santos pode chegar a R$ 143,00 por tonelada em MS, tendo como ponto de partida o município de Naviraí. Em Ribeirão Preto (SP) o esse valor fica R$ 59,00 mais barato, chegando a R$ 84,00, devido a sua localização geográfica.

 

Apesar dos entraves, MS apresenta fatores que contribuem positivamente para o setor, como áreas de tamanhos bons; custo de arrendamento mais baixo, havendo forte ocupação dos campos de pastagem (apesar da competição com grãos ser forte em algumas áreas); bons ambientes de produção, com boa produtividade agrícola; unidades modernas, com boa recuperação industrial e cogeração de energia de biomassa. Outro fator positivo são os preços valorizados do açúcar no mercado internacional, com taxa de câmbio positiva para negociações.

 

O professor da Universidade de São Paulo (USP) e engenheiro agrônomo, Marcos Fava Neves, também ministrou palestra no 2º Canacentro e falou sobre as ações necessárias para a competitividade da produção e industrialização da cana-de-açúcar. Segundo o especialista, mesmo com todos os entraves, as energias renováveis devem continuar ganhando espaço. Apesar disso, o controle de preço dos combustíveis é o principal gargalo que o Governo Federal impõe, brecando a concorrência com o etanol.

Fonte: Portal do agronegócio/ Foto: web.

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