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Padilha critica Lula, governo Bolsonaro e escolhas de Moro

Diretor José Padilha (Foto: Bruna Prado / Netflix / Divulgação)

Em coletiva de imprensa para divulgação da 2ª temporada de “O Mecanismo”, exibida pela Netflix, nesta terça-feira (7), o diretor José Padilha comparou Sérgio Moro a um salame fatiado, se disse antipetista, antipessedebista e antiemidebista e afirmou não acreditar que, com esse governo, o Brasil dure mais cem anos.

 O evento também contou com a participação dos principais nomes do elenco como Selton Mello, Caroline Abras, Jonathan Haagensen, Emilio Orciollo Netto e Enrique Diaz. Diaz afirmou entender as críticas que a primeira temporada recebeu. Segundo ele, muito devido ao momento histórico que o país passou, mas fez questão de se posicionar politicamente, “abaixo o desmonte da educação pública, fora milicianos, fora familícia e Lula Livre”, disse o ator.

Sérgio Moro

“Ele (Bolsonaro) está usando o Moro como moeda de troca (para aprovar as reformas)”, destacou o diretor, que afirmou que “Moro saiu de herói nacional para salame fatiado, entregue para o centrão aprovar a reforma da Previdência.”

Padilha também afirmou que se associar ao Bolsonaro foi uma burrice do atual ministro da Justiça e Segurança Pública. Em abril, em artigo para a Folha de S. Paulo, o diretor já havia criticado as decisões do ex-juiz, ao afirmar que o pacote anticorrupção de Moro é um pacote pró-máfia.

“Selecionamos os piores”

Após se mostrar pessimista com o governo Bolsonaro, ao dizer que não crê que com esse governo o Brasil dure mais cem anos, Padilha disse que mantém a opinião de que “o mecanismo é apartidário, e as evidências são claras de que isso é verdade”.

“Todo mundo sabe que o mecanismo são todos eles”, disse o cineasta, que completou que “entre as condições necessárias para se chegar à presidência, está participar do mecanismo. É uma seleção natural ao contrário. Selecionamos os piores”.

Vazamento da conversa entre Lula e Dilma

Ao ser indagado se, na primeira temporada da série, o juiz Rigo, personagem que representa Sérgio Moro, não foi apresentado de forma pouco crítica,  Padilha respondeu que, devido a série ser inspirada em acontecimentos reais, a ficção segue uma linha temporal, então não havia como cobrir “o vazamento da conversa do Lula com a Dilma, porque não havia acontecido ainda, mas colocamos isso na segunda temporada”.

Partido dos Trabalhadores

“Eu sou antipetista, antipessedebista e antiemidebista”, afirmou Padilha, que ressaltou que não é antiesquerda: “sou antipetista porque o PT roubou”. As críticas ao Partido dos Trabalhadores também foram estendidas a Lula. Segundo o diretor, Lula “traiu a esquerda ao apresentar um projeto bom, mas ao mesmo tempo claramente entrou no mecanismo”.

“Se tivessem apoiado o Ciro Gomes…”

“A esquerda não entendeu o antipetismo. A esquerda apoiou o Haddad, o candidato do Lula. O Lula estava enfiado na Lava Jato. Se tivessem apoiado o Ciro Gomes, Bolsonaro não estava eleito. A esquerda escolheu um candidato inviável”, afirmou o diretor.

THIAGO BONNA

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