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A RESIDÊNCIA DO SAUDOSO JORGE AMADO VIROU CENTRO CULTURAL NA BAHIA

A casa do Rio Vermelho, como era chamada a residência do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001), será aberta ao público, em Salvador (BA), após ter sido fechada em 2003. A casa foi comprada com o dinheiro obtido através da venda dos direitos autorais de “Gabriela, Cravo e Canela” para os estúdios MGM em 1960.

 

Neste lar, o escritor e a sua mulher, a romancista Zélia Gattai, viveram por 37 anos, depois de morar no Rio de Janeiro e na Europa. A Prefeitura de Salvador desembolsou R$ 6 milhões para reativar o espaço, cuja reforma foi feita com apoio da Fundação Jorge Amado, que mantém um centro de preservação do acervo audiovisual e de estudos da obra de Jorge Amado no Pelourinho, bairro do centro histórico da capital baiana. A expectativa é receber entre 10 e 30 mil visitantes por mês.

 

Na mesma casa, Amado e sua esposa, falecida em 2008, recebem ícones da literatura mundial, como Simone de Beauvoir (1908-1986), Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Pablo Neruda (1904-1973). Também convidou cineastas ilustres como Roman Polanski, Jack Nicholson e o brasileiro Glauber Rocha (1939-1981).

 

A casa foi transformada em um centro cultural pelo arquiteto Gringo Cardía, que transformou cada cômodo numa chance de “viver a experiência Jorge Amado”, aproveitando-se da estrutura original do imóvel e dos objetos guardados pela família.

 

“Estou a um ano mergulhado em Jorge Amado para restaurar essa casa, e descobri que ele não era só um escritor. Era um antropólogo, um filósofo, um profundo defensor da cultura brasileira, da nossa mestiçagem, que defendia até politicamente. Por isso, quis fazer um museu vivo, que permita às novas gerações viver a experiência Jorge Amado”, afirmou Cardía, segundo informações do jornal O Globo.

 

De acordo com o arquiteto, “ideia da curadoria é mostrar além da casa, que por si só já é um museu de arte popular brasileira, mas mergulhar as pessoas no imaginário dele. Da sua literatura cheia de sons, cheiros, sentidos”.

 

Detalhes da casa

 

A cozinha do novo espaço abriga diversas cestarias e gamelas cheirando a pimenta fresca. Neste mesmo espaço, o visitante tem a oportunidade de ver vídeos sobre a famosa cozinheira baiana Dadá fazendo três receitas dos livros de Jorge Amado.

 

A antiga piscina virou um “lago de sapos”, onde fica boa parte de coleção de sapos do escritor. Sapos de verdade também ficarão no local.

 

Nas salas de leitura, há 120 vídeos que totalizam dez horas depoimento sobre a obra de Jorge Amado. Em uma das peças, por exemplo, tem o ex-boxeador baiano “Popó (Acelino Freitas) lendo “Jubiabá”, e o cantor Paulinho da Viola fazendo o mesmo com “Tenda dos Milagres””.

 

Nos quartos da casa são contadas as histórias de muitas viagens do escritor com a sua esposa e a importância do amor e do sexo nas tramas do autor. Os visitantes também encontrarão coleção de esculturas, quadros e azulejaria espalhada pelos mil metros quadrados da casa, além de malas de viagens e livros da biblioteca do escritor.

 

A entrada custará R$ 20, e não ser para estudantes, professores e idosos, para quem o acesso será gratuito.

 

Obra

 

Academicamente, o trabalho de Jorge Amado é dividido em três fases: a primeira destaca-se pelo retrato da vida urbana em Salvador, com obras consideradas como “romances proletários”, como “O País do Carnaval”, “Suor” e talvez o principal livro do escritor, “Capitães da Areia”.

 

Na segunda etapa do seu trabalho, o artista publicou retratou o ciclo do cacau na Bahia bem como o conflitos entre coronéis pela posse de terra e a escravidão de trabalhadores, em obras como “Terras do Sem Fim”, “Cacau” e “São Jorge de Ilhéus”. Por fim, têm-se as crônicas de costumes, com “Mar Morto”, “Jubiabá” e “Gabriela, cravo e canela”.

Fonte: Enviado pelo movimento cultural da Bahia

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