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Sam Mendes é aposta de diretores brasileiros no Oscar 2020

Diretor Sam Mendes posa com prêmio de Melhor Diretor no Bafta 2020 pelo filme "1917" — Foto: Adrian DENNIS / AFP

Sam Mendes vai ganhar seu segundo Oscar (veja indicados) como melhor diretor em sua segunda indicação neste domingo (9) pelo drama de guerra “1917”. Pelo menos é o que acha a maioria dos cineastas consultados para um bolão da categoria (veja abaixo a lista completa).
Na brincadeira, eles responderam:

Quem deve ganhar o prêmio?
Quem você gostaria que ganhasse o prêmio?

Para a primeira pergunta, quatro de sete diretores escolheram Mendes. O mesmo número de votos recebeu o coreano Bong Joon-Ho, de “Parasita”, para a segunda, o que o coloca como o preferido do coração dos cineastas brasileiros.

Mendes na cabeça

Para os diretores, a realização técnica de “1917”, um filme que usa uma perspectiva só e técnicas para parecer que não há cortes, costuma ser reconhecida pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

“É um filme em que os aspectos de direção claramente se sobressaem”, afirma Daniel Ribeiro, diretor de “Hoje eu quero voltar sozinho” (2014).

“A complexa proposta de contar uma história em um plano sequência, no qual os recursos de edição não podem resolver quaisquer problemas narrativos após a filmagem, é bem sucedida e deve agradar a Academia que adora uma história de guerra.”

Paulo Morelli, cineasta de “Cidade dos homens” (2007), concorda bastante com o colega, mesmo que não goste tanto do enredo sobre dois soldados na Primeira Guerra Mundial que devem atravessar linhas inimigas para impedir que aliados caiam em uma cilada.

“A realização é impressionante e o talento do diretor mantém a corda sempre esticada, apesar de uma história apenas banal”, afirma.

Cena do filme '1917' — Foto: Divulgação
Cena do filme ‘1917’ — Foto: Divulgação

Mendes ganhou pela primeira vez em 2000 com “Beleza Americana”, e só voltou a ser lembrado pela Academia em 2020, com três indicações (além da direção, ele também está nas categorias de melhor roteiro original e de melhor filme, como produtor).

O britânico também é favorito por ter levado o prêmio do Sindicato dos Diretores dos EUA, que costuma coincidir com o vencedor do Oscar.

Mesmo assim, ele não é unanimidade. Tanto que o único nome não lembrado entre as apostas foi o de Todd Phillips, de “Coringa”.

“Foi um ano de diretores foda fazendo filmes foda, em termos de direção”, diz Cao Hamburger, de “O ano em que meus pais saíram de férias” (2006).

“Minha aposta seria o Fernando Meirelles, mas injustamente deixaram ele de fora. Se bem que o páreo está duro. Podiam dividir pelos cinco. Ou seis, incluindo o Fernando”, reclama ele, sobre a ausência do brasileiro de “Dois Papas” na categoria.

Bong no coração

O coreano Bong Joon-Ho, de “Parasita”, levou só um voto entre as apostas, mas foi o mais votado entre “quem merece ganhar”.

“Bong Joon-Ho vai ganhar por ter dirigido um filme adulto para adultos e não um filme infantil para adultos ou um filme adulto para adultos infantis”, diz Kleber Mendonça Filho. O diretor de “Bacurau” (2019) foi o único a responder o nome do cineasta para as duas perguntas.

“A Academia finalmente entendeu depois de 100 anos que um filme é um filme, mesmo que ele não seja falado em inglês. Um final feliz.”

Park So-dam e Choi Woo-sik em cena de ‘Parasita’ — Foto: Divulgação
A farsa sobre luta de classes, na qual um casal e seus filhos dão golpes para se infiltrar na casa de uma família rica, colocou o coreano em uma disputa direta com Mendes nas mesmas três categorias.

“Ele merece ganhar pela genialidade da sua direção e principalmente pelo que quer dizer e diz”, afirma Anna Muylaert, de “Que horas ela volta?” (2015).

“Bong Joon-Ho criou uma obra profunda, inovadora, ousada e Universal. O filme surpreende até o fim, não por acaso ganhou Cannes. Mereceria levar”, diz André Ristum, de “A voz do silêncio” (2018).

Cesar Soto

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