O cantor e compositor Jorge de Angélica morreu na noite da última segunda-feira, 30/10, pegando a todos os amigos e fãs de surpresa.
Jorge faleceu na UPA do Hospital Geral Clériston Andrade, em Feira de Santana, por problemas de saúde.
A forma como Jorge morreu não foi digna da sua grandeza como ser humano e artista.
Tive a honra de conviver um tempo com ele lá nos idos dos anos 2000 e tive a oportunidade de trabalhar na produção do show de lançamento do seu disco A Luta Continua. Como diz no popular:
“batemos muita boca de calça” pra conseguir realizar esse show, que diante das dificuldades, foi um sucesso. Trabalhei também em um evento do Projeto Mão Angelical, idealizado por ele, no bairro Rua Nova.
Por que coloco as dificuldades?
Porque recorremos à várias pessoas – de políticos a empresários – onde tivemos algumas empresas que patrocinaram, porém, nenhum político na ocasião apoiou.
Essa era a luta de Jorge.
Recentemente ele gravou um vídeo dizendo que iria devolver uma honraria do município porque estava tentando realizar um show no Mercado de Arte Popular e na ocasião não estava contando com quase nenhum apoio – creio que depois da repercussão do vídeo ele conseguiu realizar o evento.
Após a morte de Jorge, a hipocrisia reinou nas redes sociais, TVs e emissoras de rádio. Várias dessas pessoas, que nunca ou quase nunca o apoiaram, correram para os veículos de comunicação para prestarem uma falsa solidariedade.
Jorge de Angélica lamentavelmente morreu na famigerada fila da regulação pedindo a um secretário (ouça aqui), momentos antes de morrer, para ser transferido da unidade de saúde.
No entanto, essa transferência não aconteceu a tempo e o Brasil perdeu, por puro descaso, uma das grandes vozes da música negra brasileira. A morte de Jorge infelizmente foi recheada de hipocrisias daqueles que podem e poderiam fazer algo pela população da qual Jorge fazia parte.
Rubem Júnior é radiojornalista e diretor do site Diário da Notícia
