No momento em que a Câmara dos Deputadosdiscute uma proposta de emenda à Constituição que pode inviabilizar o aborto no Brasil até nos casos em que hoje é legalizado, a atriz Malu Mader disparou contra os conservadores:
“Tem uma galera aí querendo que a gente volte para a idade das trevas”.
E enfatizou que criminalizar o aborto é criminalizar apenas a mulher pobre.
“Ninguém é a favor do aborto, não existe uma questão de ser a favor ou não ser. É uma questão de que ele existe. Muitas mulheres fazem aborto, muitas mulheres morrem e sobretudo as mulheres pobres, então mais uma vez é a sociedade criminalizando apenas a mulher pobre. É uma questão de discutir isso, realmente, de fato, porque na verdade a mim me parece que não importa muito a vida dessa mulher, se ela vai morrer ou não.”
Afinal:
“Eu quando comecei minha vida sexual, antes mesmo, quando eu previa que aquilo ia começar – mas aí já é uma visão privilegiada – eu tinha um ginecologista me acompanhando, uma mãe conversando em casa podendo me dar atenção, pude falar com ele ‘o que é 99%, 100% de chances de não poder engravidar?’, porque eu também tinha pavor dessa ideia. Mas a mulher que está nesta situação, ela está em desespero. Acredito que toda a mulher que esteja com essa questão, esteja em desespero. Então ela devia ter sido atendida antes com quem está tão preocupado com a vida alheia. O governo ao invés de abandonar ali à sua sorte, devia prestar atenção, informar, dar camisinha.”
A atriz destacou que o aborto é um problema de saúde pública, não de Justiça ou religiões.
“Compreendo que as pessoas se choquem, tirar uma vida… Mas ninguém se empenhou nunca numa campanha de conscientização da gravidez indesejada, de educar. Ninguém está tão preocupado assim com a vida das pessoas como querem fazer parecer. E é a mesma questão em relação a arte… É um conservadorismo também. É uma pauta que é de saúde pública, não é de Justiça, de religiões, de nada.”
As declarações, feitas na manhã desta quarta-feira (6) no Encontro com Fátima Bernardes, incluíram ainda uma alfinetada nos homens – únicos que votaram a favor da PEC que criminaliza o aborto.
“A gente não falou de homem, né? Como se o filho nascesse só da mulher. Aquela carga, decisão, fica sempre pra mulher ser penalizada com essa decisão.”
A atriz falou o que muita gente gostaria de dizer.
Entrevista na Globo