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Maçonaria e justiça social

Maçonaria e Justiça Social

No início do século, em 2007, foi com o objetivo de alargar a consciencialização da sua importância que a Assembleia Geral da ONU designou 20 de fevereiro como Dia Internacional da Justiça Social, para promover esforços capazes de enfrentar e dirimir questões tão consideráveis como a pobreza, a exclusão e discriminação.

Nos dias de hoje, a atualidade da discussão sobre a necessidade de uma redobrada preocupação com a justiça social decorre, infelizmente, do facto de não termos conseguido a nível global – e apesar de todos os meios ao dispor em qualidade e quantidade – construir um modelo civilizacional socioeconomicamente equilibrado ao longo da segunda metade do século XX.

Pelo contrário, estamos agora ainda mais longe de podermos congratular-nos quanto aos resultados daquele que deveria ter sido o nosso compromisso coletivo.

Trabalhar para a construção de um modelo social no qual todos os indivíduos tivessem acesso justo e igualitário a recursos, serviços e oportunidades.

Preocupados com a multiplicação dos conflitos geoestratégicos, divididos pela polarização ideológica de base emotiva provocada e potenciada pelas redes sociais, emocionalmente anestesiados muitas vezes pela pulverização de casos e causas, mais próximas ou mais distantes, equalizamos os sem-abrigo que vemos dormindo ao relento nos passeios e os refugiados que perdem a vida nas águas do Mediterrâneo, ao tentarem desesperadamente chegar a uma Europa dividida quanto ao destino a dar àqueles que sobrevivem.

E a ideia de um mundo com justiça social nos é  apresenta, cada vez mais, utópica.

Se queremos contrabalançar esse “gloom” (como dizem os anglo-saxónicos) com uma atitude otimista e positiva, devemos começar por assimilar que justiça social e sustentabilidade são conceitos vivos intrinsecamente ligados.

Sendo que o reconhecimento dessa interdependência tem vindo a tornar-se cada vez mais importante em debates sobre políticas públicas e práticas de desenvolvimento.

Embora óbvia para uns, a indispensabilidade de garantir que comunidades mais vulneráveis têm recursos para se adaptarem aos impactos das alterações climáticas, isso não é tão evidente para outros.

Especialmente aqueles que olham para os custos da ajuda aos outros apenas numa ótica egoísta que recusa a universalidade do Humano e que, quase sempre, ancoram nos seus discursos argumentos xenófobos, mais ou menos camuflados.

Atitude essa, saliente-se, totalmente inversa àquela que deve ser a de um maçon.

Ser maçon é, inevitavelmente, estar com aqueles que vivem os princípios da justiça social no seu dia a dia.

Aliás, ao considerar como iguais todos aqueles que se iniciam na maçonaria e nela entram como aprendizes, percorrendo depois o caminho do conhecimento dos nossos princípios, podemos de forma afirmativa dizer que a maçonaria é uma instituição de base igualitária e tolerante em que a justiça social pode e deve ser vista como uma extensão dos valores maçónicos.

A maçonaria regular tem uma longa história de envolvimento em atividades filantrópicas e de serviço comunitário. E é um facto que a promoção do bem-estar da sociedade, como um todo, é uma missão completamente alinhada com os objetivos da justiça social.

Mas é preciso fazermos mais. E é fundamental entendermos que a Humanidade está num momento crucial que determinará o destino das gerações futuras, pelo que deve cada maçon assumir a responsabilidade de cumprir o potencial que possui e desempenhar um papel tão mobilizador quanto possível no combate contra a pobreza e a exclusão social, defendendo a sustentabilidade e o ambiente, promovendo a igualdade e a solidariedade em oposição aos separatismos e aos incitamentos ao ódio.

A justiça social é um princípio fundamental para alcançar e manter a paz e a coesão a nível global. Várias organizações, governos e instituições comemoram a data de hoje e a maçonaria regular não poderia deixar de juntar a nossa voz à destas entidades, certos de que só teremos um mundo menos perigoso quando tivermos uma sociedade mais justa.

Armindo Azevedo – Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal / GLRP

OBS: Esse s são os princípios da verdadeira Maçonaria. Carlos Lima

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