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Nos bastidores da Maçonaria: São João

Bastidores

São João é desde os tempos das corporações pré-maçônicas o padroeiro da Maçonaria Universal, como São Theobaldo eras o padroeiro da primeira Carbonárias no Hanover.

A origem do culto joanino simbolizava para os maçons o momento em que o sol se detinha antes de aproximar-se da linha equatorial. Isto é, não havia propriamente uma ideia religiosa, mas s sincronização do movimento do sol com certas realizações de caráter administrativo da Ordem, a que se imprimia a maior solenidade.

É curioso notar que São João é ligado a tradições populares nem sempre rigorosamente ortodoxas, catolicamente falando.

Segundo Ozanam que no século XIV, Petrarca,  achando-se em colônia na véspera de São João, observou uma uma solenidade que o impressionou, e que deixou descrita nas suas cartas.

As mulheres da cidade, coroadas de flores, se reuniram as margens do Reno e se ajoelhavam para imergirem nas águas do rio as mãos e os braços, murmurando palavras supersticiosas; acreditavam que as águas do rio levava todos os males que ameaçavam o ano.

Se  Petrarca ressuscitasse neste século e visitasse o Porto – no comentário do escritor português José Pereira de Sampaio (Bruno) – ele veria as mulheres do povo do Porto. com os seus chapéus de palha alongados, enfeitados de flores, com a mesma prática das mulheres de Colônia, em ritual no tanque das Fontainhas.

E acrescentou: “O povo não conhece o ensino da Igreja acerca da sua tradição histórica e cria uma lenda fantasiosa, com certo carinho progenitor.

O São João do povo resulta uma imaginação própria dele, e essa invenção é sempre aceita. Sem o saber, ele ata os elos da cadeia tradicional e suas costumeiras práticas prendem-se inconscientemente a simbolismos da mais remota antiguidade, como no caso das fogueiras do São João, a qual no Brasil apresenta no seu festejo uma grande tradição popular.

As festas

Nas festas de São João e do Natal, conforme Oliveira Martins, chegam até nós desde os tempos primitivos como resíduo de cultos metereológicos a que as mitologias neoarianas, primeiro, e depois a cristã deram significado religioso.

Nos dois solstícios do verão e inverno, a natureza desfolha-se em milagres. E o povo diz; “Depois que o menino nasceu, tudo cresceu.

Esse menino é Jesus que aparece no momento em que na Alemanha e na Escandinava apareciam os gênios elementares, à noite de YOLE, JOEL OU GEOLE.

Seis meses depois, quando se iniciava o movimento inverso, celebra o precursor, o Batista; as fogueiras , vale saber, que desde o tempo de Estrabão era o culto celtibérico por excelência  E por toda parte nessa noite, era a noite dos encantos e dos milagres ingênuos, sem caráter teológico…

São tão simples na sua candura, tão remotos no seu valor religioso que a Igreja não se ofende nem condena. Ela própria ignora que de tão velhas invenções, como uma semente sai de uma árvore, saíram os cultos que defende e propaga o hino sagrado.

Em resumo é um culto pagão que a Igreja incorporou sem expurgá-lo do que ele tem de antinômico em relação à severidade teológica. Os principais filtros amorosos são celebrados na noite de São João em todos os povos.

A Maçonaria celebra com São João o Solstíciio, do verão, (no hemisfério austral) e do inverno (no hemisfério boreal).  É uma referência astronômica inteiramente alheia a ideia da santidade, porque a Maçonaria não é religião nem se subordina a nenhum culto religioso.

Com o decorrer dos tempos é que em alguns países, dado ao misticismo religioso, o culto joanino foi nacionalizado substituindo-se o “Batista” pelo “Esmoler”, pelo “Evangelista” e pelo de “Jerusalém”, sem contudo desaparecer a figura astronômica do Solstício.

Carlos Lima – pesquisa.

Bastidores da Maçonaria – editora o Malhete.

A Maçonaria e o Cristianismo

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