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Padre Júlio Lancellotti é atacado após foto segurando Jesus negro

Jesus branco ou preto

O padre Júlio Lancellotti postou no último sábado, 24, uma foto dele segurando o menino Jesus negro. O registro compartilhado pelo sacerdote, conhecido por ações humanitárias em São Paulo, causou uma leva de comentários criticando-o por supostamente estar “lacrando”.

Há quem disse que o religioso tentou “mudar a história” por ter trazido a imagem de Jesus negro à tona, mas será que ele está errado?

Entenda o porquê que ele está certo e discursão sobre o assunto ainda é necessária.

“Uai, padre. Tá querendo mudar a história Para poder lacrar? Acho que você precisa de mais um pouco de aula de história e teologismo. Não abdique os ensinamentos para lacrar”, comentou um internauta no Twitter.

Diante tamanha repercussão sobre a fotografia, Lancellotti fez uma nova publicação no domingo, 25, na qual expõe alguns dos comentários criticando a publicação.

De acordo com ele, o episódio pode ser entendido como “racismo estrutural”.

Outro usuário falou: “Quando a militância vem antes da religião dá nisso aí mesmo”.

Por outro lado, teve seguidores que defenderam a postura do padre, respondendo a ideia de que Jesus não poderia ser negro.

“O Jesus branco de olho claro não é uma representação fiel, mas garanto que esse pessoal nem liga. Agora, uma representação negra incomoda essa galera”, opinou uma seguidora.

“Jesus branco, bem ‘europeu’, olhos claros, madeixas em dia e crossfiteiro.

Essas são as características de Jesus para eles”, publicou outro internauta em tom de ironia.

Jesus branco ou negro?

O teólogo e pesquisador Ronilso Pacheco, de 44 anos, que também é autor do livro Teologia Negra, explica o porquê a sinalização do padre é verdadeira e importante.

“Podemos chamar a Teologia Negra de um movimento teológico que está basicamente direcionado a questões de colonização e opressão das populações negras. Ela envolve os contextos de escravização e de políticas anti negras ao redor do mundo”, disse o pesquisador em entrevista à BBC Brasil em março de 2021.

“Não há a discussão se Jesus era negro ou branco, porque em relação a isso não há muito o que discutir: é difícil imaginar uma figura branca na Palestina daquela época”, explicou Pacheco.

Para ele, o Cristo branco elimina qualquer possibilidade de identificação teológica e bíblica com a população negra.

“Deliberadamente, a presença e o protagonismo do continente africano são apagados, como uma forma de justificar a colonização e a escravização. Além disso, há uma tentativa de apagamento da tradição e religiosidade da África”, avaliou

RCL

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