O jornal O Globo afirma, em editorial, que o programa Bolsa Família, criado no governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é citado dentro e fora do Brasil como exemplo de política social bem-sucedida”.
E que é “extremamente preocupante a deterioração da qualidade dessa política pública exitosa desde que foi transformada no Auxílio Brasil, o programa eleitoreiro criado pelo presidente Jair Bolsonaro para chamar de seu e ostentar nos palanques.”
“O desmonte se acentuou a partir da pandemia. Como o auxílio emergencial distribuído em 2020 e 2021 destinava-se a parcela maior da população, o coronavírus serviu de pretexto para a suspensão da cobrança de contrapartidas daqueles que recebiam o Bolsa Família.
Ao mesmo tempo, criou-se uma pressão maior no caixa do Tesouro. Para o lançamento do Auxílio Brasil, com valor estipulado em R$ 400 sem nenhum tipo de critério ou embasamento técnico, o custo do programa passou a cerca de 1% do PIB, sem que houvesse ganho correspondente na eficácia.
Eis uma das razões para a ruptura do teto de gastos no Orçamento deste ano”, destaca o periódico da família Marinho.
“Ainda mais preocupante que o impacto fiscal — ao menos pode-se argumentar que esse dinheiro é destinado a sanar um dos maiores flagelos nacionais — foi a perda de foco do programa.
Não há distinção entre os beneficiários, não se sabe se Bolsonaro restabelecerá a cobrança de contrapartidas e, para piorar, o Cadastro Único de quem recebe o benefício não vem sendo atualizado como deveria pelas prefeituras.
Um governo sustentado pelo Centrão por certo não fará a cobrança para que seja”, destaca o editorialista no texto.
Ainda segundo o jornal, “o relaxamento na administração do Auxílio Brasil resulta em perda de foco na distribuição dos recursos e o rebaixa à condição de um plano assistencial meramente populista, contrário aos interesses do contribuinte.
Ele deixou de ser um programa de Estado para se converter apenas em trunfo eleitoreiro”.
O Globo