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Presidente da Câmara Brasil-Rússia rejeita crise e afirma: ‘Vamos dobrar o comércio com Moscou’

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Enquanto os EUA e a União Europeia erguem sanções para atingir Moscou, outra parte do mundo se organiza para lidar com os desafios de uma nova ordem geopolítica. À Sputnik Brasil, o presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio explicou como essas penalizações se transformaram em uma oportunidade para russos e brasileiros.

Já dizia o ditado: “Para cada porta que se fecha, abre-se uma janela”. Com a pressão norte-americana e europeia sobre a economia russa, o gigante euroasiático denunciou os “países considerados hostis” e passou a olhar com “mais atenção” para os emergentes, sobretudo na África, no Oriente Médio e na América Latina.

Quem confirma esse movimento é o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov. Segundo ele, com a declarada guerra híbrida dos EUA e da União Europeia (UE) contra Moscou, o governo de Vladimir Putin “precisa buscar oportunidades em outras regiões”. Citando nominalmente as nações do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Ryabkov falou em uma nova ordem mundial.

Para compreender como o governo brasileiro estará posicionado nesse momento de reorganização geopolítica, com importantes reflexos no futuro da economia global, a Sputnik Brasil conversou com Gilberto Ramos, presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio.

Ele fez uma previsão otimista sobre as relações bilaterais entre Moscou e o Itamaraty: “Vamos dobrar o comércio com a Rússia em 2023”.

Itamaraty, Moscou e as oportunidades

Com a operação militar especial russa na Ucrânia, alguns países ocidentais se apressaram para condenar o governo russo e aplicaram duras sanções contra a economia do país.

Nas últimas três semanas, muitas empresas deixaram o país, principalmente após a expulsão de alguns bancos russos do SWIFT (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais, na sigla em inglês) e de diversas entidades para pagamento.

Desde o início desse movimento anti-Rússia liderado pelo governo de Joe Biden, o Itamaraty (e outros países, como a China) adotou uma postura contrária às sanções, denunciando o caráter abusivo das medidas e apontando os riscos de uma crise generalizada nas cadeias de abastecimento global.

A posição do Brasil foi uma aposta. Em vez de se associar naturalmente às determinações dos EUA e colher a simpatia dos norte-americanos, o país escolheu seguir seu próprio caminho.

Com isso, deixou de ser incluído na lista de nações hostis do Kremlin e, agora, poderá obter bons acordos com Moscou.

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Gilberto Ramos explicou que o grande problema a ser resolvido neste momento por empresários brasileiros e russos é “a logística, pois é preciso fugir das sanções”.

Porém, segundo ele, essa é uma questão que “deve ser resolvida com o tempo”, dado que já “existem algumas alternativas para os negócios”, embora falte um pouco mais de estudo para determinar as melhores soluções.

“Há formas de contornar isso, com a criação de plataformas interbancárias entre Brasil e Rússia”, explicou.

Ele ainda minimizou os detalhes dessas operações, que “devem ser definidas por banqueiros e economistas”, o que pode levar algum tempo em razão das burocracias a serem enfrentadas.

‘Nem todo mundo está saindo da Rússia’

O presidente da Câmara Brasil-Rússia de Comércio explicou à Sputnik Brasil que há uma narrativa, imposta pela imprensa ocidental, de terra arrasada em torno dos recentes acontecimentos envolvendo a economia da Rússia.

Isso ocorre, na maioria das vezes, como forma de apoio ao governo norte-americano e suas pretensões, declaradas reiteradas vezes por Joe Biden, de “quebrar e isolar a Rússia”.

Mas, segundo ele, “nem todas as empresas da Europa estão deixando o país. As montadoras francesas, por exemplo, não vão sair da Rússia. Isso representaria bilhões de dólares de perda”, comentou.

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O Brasil também rejeita a ideia de deixar a Rússia e perder um importante parceiro no comércio de “proteína animal, frutas, soja, milho e outros produtos”, disse. Segundo Ramos, a tendência é que projetos de investimento de Moscou no Brasil sejam ampliados.

“Há um ano o Brasil assinou um acordo importante com a Rússia na área de pescados. Três das principais empresas russas do setor estão pescando em águas brasileiras. Além disso, há investimentos de vários tipos, com crescimento, principalmente no mercado de fertilizantes.

A parceria na área militar e de defesa também desperta o interesse do governo brasileiro.

Em sua visita a Moscou em meados de fevereiro, o presidente brasileiro pediu ajuda a Vladimir Putin para desenvolver o submarino nuclear da Marinha, paralisado em função das sanções norte-americanas e da desconfiança de Washington, que se recusou a ajudar o Brasil.

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