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Um mês após acordo com a Boeing, Embraer perde 30% em valor de mercado

Embraer, a soberania nacional se dilui

Um mês após o anúncio do acordo com a norte-americana Boeing, a Embraer perdeu 30% em valor de mercado.

Em 4 de julho, 1 dia antes de assinarem a parceria, a fabricante de aviões brasileira valia R$ 19,8 bilhões.

Na 6ª feira (3.ago), seu valor havia caído para R$ 13,8 bilhões.

As empresas confirmaram as negociações em 21 de dezembro de 2017. As especulações sobre os termos da parceria fizeram os papéis da companhia brasileira valorizarem 34% até o anúncio oficial, em 5 de julho.

Mas o resultado do negócio, embora bem recebido, ficou aquém das expectativas do mercado. Em apenas 1 dia, de 4 para 5 de julho, a empresa perdeu 14% em valor de mercado.

Ficou definido que a Boeing e a Embraer formariam uma joint venture. A norte-americana pagaria US$ 3,8 bilhões para ter controle sobre 80% da nova empresa, avaliada em US$ 4,8 bilhões.

O analista da Guide Investimentos Rafael Passos afirma que era esperada uma cifra mais alta, de US$ 6 bilhões a US$ 10 bilhões.

“O acordo é considerado extremamente positivo e estratégico, mas o mercado trabalhava com 1 valor maior. Esse foi o principal motivo da desvalorização”, afirmou.

As indefinições em relação aos detalhes do negócio também alimentaram a desconfiança de representantes do mercado financeiro.

“Restam uma série de dúvidas sobre o modelo final. Ainda serão negociadas muitas etapas”, afirmou André Perfeito, economista-chefe da Spinelli.

Anunciada em julho, a parceria só deve ser concretizada em novembro, após as eleições, e finalizada no ano que vem, quando estará definido o novo governo.

Até o momento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PDT) já se manifestaram contra a operação.

Geraldo Alckmin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL) se mostraram favoráveis. Marina Silva (Rede) não se manifestou sobre o assunto.

Além das próprias condições do acordo, outros pontos influenciaram as ações.

Passos destacou que a empresa vem enfrentando maior concorrência desde que a Airbus e a Bombardier fecharam acordo, concluído em julho. “A Airbus vem garimpando alguns clientes da Embraer e isso contribuiu para pressionar os papéis”, explicou.

Além disso, o resultado financeiro da empresa também não ajudou a performance no mercado. No 2º  trimestre, a Embraer apresentou prejuízo de R$ 467 milhões, contra o lucro de R$ 200,9 milhões no mesmo período do ano passado.

MARIANA RIBEIRO e MARLLA SABINO

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