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Mural escolar sobre legalização da maconha viraliza na web e estudantes aprovam debate no ES

Post de aluna rendeu mais de 50 mil curtidas, 35 mil compartilhamentos e 557 comentários. Mas, as discussões não vão parar por aí. Temas como homofobia, violência contra a mulher e política ganharam destaque na escola da Serra.

A estudante Maria Eduarda Tacón tem 18 anos, mora em Feu Rosa, na Serra, município da Grande Vitória, está no 3º ano do Ensino Médio e não esperava que um post feito por ela no Twitter fosse repercutir tanto.

Um mural criado Escola Estadual de Ensino Médio Marinete de Souza Lira, que fica no bairro onde ela mora, propôs um debate sobre a legalização da maconha e a discussão, que segundo ela é superimportante, rendeu comentários de alunos que ganharam as redes sociais, chegando a 50 mil curtidas, 35 mil compartilhamentos e 557 comentários até as 18h de sábado (8).

Apesar da irreverência de alguns amigos, Maria Eduarda disse  que o tema foi pertinente para o esclarecimento da legalização da maconha. “É importante trazer o debate do dia a dia para a sala de aula. Isso é esclarecedor, educativo e saudável”, comentou.

O mural sobre a legalização da maconha foi criado na quinta-feira (6). Inicialmente, ele era para os alunos do primeiro ano, mas ficou “muito famoso” na escola, segundo a aluna, e ganhou a adesão dos outras classes. “As professoras disseram que vão fazer outros debates depois das férias”, comentou a Maria Eduarda.

A estudante disse que espera novos debates na escola e acha que a política é um tema que deve ser abordado nos outros murais. “Vivemos um momento em que essa discussão é importante. Alguns alunos não tem muita noção do que está acontecendo no nosso país. Precisamos discutir”, espera.

Repercussão

Antes de repercutir na internet, estudante disse que o mural virou “meme” na escola. “Não esperava essa repercussão. Como alguns comentários foram engraçados, postei brincando e comecei a me preocupar quando passaram dos 100 compartilhamentos. Me perguntei: ‘O quê que eu fiz’”, começou, aos risos, a estudante.

Escola

A diretora da escola Graziely Ameixa Siqueira disse que foram os próprios alunos que levantaram o debate. “Depois que eles viram o tema sendo discutido no Profissão Repórter de quarta-feira, o tema ganhou força dentro da escola, na quinta”, disse.

O mural, segundo a diretora, ficou na parede por três horas e, agora, os alunos vão produzir uma redação levantando os prós e os contras sobre a legalização da maconha. A entrega dos textos vai acontecer depois das férias escolares.

No final de tudo, os alunos vão assistir a uma palestra sobre o tema, ministrada por policiais civis.

“Iniciamos um programa sobre protagonismo juvenil e queríamos que os alunos trouxessem assuntos do dia a dia deles para a sala de aula. A ideia é que a gente não trate apenas de matemática, português… precisamos falar também de assuntos que fazem parte do dia a dia deles, ainda mais em um bairro vulnerável”, disse Graziely.

A escola já discutiu a violência contra a mulher e a homofobia. A diretora disse que foram debates quentes. “Muitas alunas manifestaram que sofreram abusos e, com o debate, elas conseguiram ter voz e mudaram a realidade.

Ajudamos essas meninas”, comentou a diretora.

Na discussão da homofobia, a diretora disse que um aluno se assumiu homossexual e o pai acabou tirando ele da escola. Mas Graziely disse que a intenção da escola é justamente o contrário. É levantar o debate, esclarecer dúvidas, trazer outras realidades. “Trazemos assuntos polêmicos, para que eles se respeitem. Naquela comunidade, a falta de respeito é grave”, disse.

Sobre os comentários da legalização da maconha, a diretora disse que a minoria era engraçada, na maior parte das vezes, os alunos se engajaram no tema. “Por exemplo, o aluno que disse que a vida dele é uma droga, realmente está passando por um problema familiar e, com o debate, conseguimos identificar isso e ajudar ele”, comentou.

Agora, Graziely espera que os debates aconteçam cada vez mais. “Estão empolgados em discutir. Foi como estivéssemos empoderado eles. Querem muitas outras discussões. Este é o protagonismos juvenil”, conclui a diretora.

Rodrigo Rezende

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