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Alckmin e a merenda: por que o escândalo está carimbado em sua testa

E a merenda?

A foto de Geraldo Alckmin, com chapéu de sertanejo e panela na mão, se tornou meme e teve um efeito viral na internet: “Grande Sertão, merendas”.

A rapidez com que o meme se propagou se deve à associação de Alckmin a um escândalo de corrupção descoberto durante o seu governo, quando foi denunciado o desvio de recursos destinados à merenda escolar.

Em janeiro de 2016, a Polícia Civil do Estado deflagrou a chamada Operação Alba Branca, resultado de uma investigação que começou com o depoimento de um ex-funcionário da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF).

Houve prisões e busca e apreensão autorizadas pela justiça, todos os mandados relacionados a bagrinhos, nenhum peixe graúdo.

A investigação apontou sobrepreços em alimentos fornecidos pela cooperativa a 22 prefeituras, através de convênio firmado pela Secretaria Estadual de Educação.

O governo do Estado, portanto, estava envolvido no caso, mas Geraldo Alckmin nega envolvimento. Como foi a Polícia Civil que conduziu a investigação, diz que seu governo é que levantou o caso.

Não é verdade.

A Polícia Civil agiu depois da denúncia de um ex-funcionário da cooperativa.

A partir do escândalo, fogo amigo no ninho tucano atingiu o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Fernando Capez, procurador de justiça de carreira, há muito tempo afastado para se dedicar à política, sempre no PSDB.

Capez tinha planos de se candidatar a governador, na sucessão de Alckmin, mas o envolvimento de seu nome no escândalo o fez recuar.

Desde 2016, luta contra a denúncia, mais tarde confirmada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Em junho deste ano, o processo contra ele foi arquivado por decisão da Segunda Turma do Supremo Tribuna Federal.

Alckmin de panela na mão ou comendo sempre lembrará o desvio da merenda, um caso que provocou, segundo o Ministério Público, o desvio de pelo menos 1,1 milhão de reais.

Relativamente ao orçamento público, é pouco dinheiro, muito menos do que os desvios apurados no caso das propinas pagas pela Alstom e Simens durante os governos de Serra e Alckmin para fornecer trens e fazer a manutenção na CPTM, estatal que administra o transporte ferroviário metropolitano no Estado de São Paulo.

Mas, para a população, o efeito negativo é muito maior. Denunciar desvio na merenda remete à imagem de corruptos tirando comida da mesa das crianças.

Alckmin diretamente não teve nada a ver com isso, exceto pelo fato de que sua gestão permitiu que o correligionário Capez tivesse influência na área das merendas.

Mas, como o governo era dele, Alckmin não se livrará facilmente do carimbo que aparece em sua testa: ladrão de merenda.

Joaquim Carvalho

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