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DE ‘FARAÓ’ A ‘GOLPISTA’, CAMPANHA FOI MARCADA POR

Quatro dos sete candidatos

 A campanha dos candidatos à prefeitura de Salvador neste ano foi marcada pelo ataque massivo ao prefeito ACM Neto (DEM), que tenta se reeleger.

O tom mais áspero ao longo dos 45 dias de corrida eleitoral ficou a cargo do candidato do PSOL, o Fábio Nogueira, que, entre outras críticas, afirmou que o prefeito faz uma gestão “segregadora” e “racista”, além de cobrar exaustivamente que ACM Neto explicasse o aumento de seu patrimônio financeiro, que teria mais do que dobrado em quatro anos, segundo os adversários.

Nogueira usou todos os debates dos quais participou (no rádio, na TV e nos encontros promovidos por diversas entidades) para chamar o democrata de “covarde” por ele não ter comparecido à maioria dos embates cara a cara. O único debate do qual o prefeito participou foi o da noite desta quinta-feira (29), promovido pela TV Bahia (Rede Globo).

Deste, o candidato do PSOL não participou, porque seu partido não tem o número mínimo de representantes na Câmara dos Deputados, que é de pelo menos nove parlamentares. Nogueira adotou em todos os debates também o mote “em primeiro lugar, fora Temer”, usado antes de sua primeira fala.

A candidata do PCdoB, Alice Portugal, teve uma campanha mais propositiva, com apresentação de propostas sólidas para os diversos problemas da cidade, mas também concentrou críticas pesadas a ACM Neto, sempre tentando associar o prefeito a Michel Temer, ao PMDB e ao PSDB, que, segundo ela, foram responsáveis pelo “golpe” que destituiu a presidente eleita Dilma Rousseff do poder.

Mas logo no início da campanha a Justiça Eleitoral proibiu a candidata de chamar o prefeito de golpista. Ela recorreu, mas a proibição foi mantida.

Com tom mais ameno, o candidato Cláudio Silva, do PP, disse desde o início da corrida que não ia se concentrar “em quem deu golpe nem em quem não deu golpe; se foi golpe ou se não foi golpe”.

Ele concentrou o programa eleitoral em dividir suas propostas por temas, e um dos segmentos com ênfase foi a juventude, com diversas inserções feitas em periferias. Cláudio Silva também apostou no diálogo com os servidores públicos. Ao longo da campanha, ele tentou se colocar como o candidato “diferente”.

ACM Neto pouco se fez e vítima. Em determinados programas, ele iniciou sua inserção dizendo que sofre “ataques mentirosos”, mas concentrou sua campanha em mostrar realizações de sua gestão e prometer melhorias que “não deu tempo de fazer”, além de anunciar novos programas a serem executados se dele for reeleito.

Candidata pelo PPL, a atual vice-prefeita, Célia Sacramento, adotou postura de “vítima de uma traição” feita pelo prefeito.

Já no primeiro momento, inclusive em entrevista à Tribuna, Célia afirmou que foi traída, porque, ela esperava que ACM Neto a escolhesse mais uma vez como candidata a vice em sua chapa, mas a composição acabou sendo feita com Bruno Reis, candidato a vice-prefeito pelo PMDB.

Célia Sacramento não poupou críticas a ACM Neto, e disse reiteradas vezes que o democrata só foi eleito em 2012 por causa dela, por ela ser “mulher e negra”.

Os outros dois candidatos, Da Luz (PRTB) e Pastor Sargento Isidório (PDT), se incumbiram de dar tom de descontração à campanha, com sua irreverência.

Sempre reclamando da “desigualdade” por causa do pouco tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV (10 segundos), Da Luz neste ano inovou.

Suas inserções eram feitas com o humorista ‘Chiquinho’, que é candidato a vereador, cronometrando o tempo, e quando sua cota acabava, ele gritava: ‘acabou seu tempo’.

Munido de seu exemplar da Bíblia Sagrada e de seu famoso botijão de gás (de isopor), Isidório não pronunciou o nome de ACM Neto em toda a campanha.

Ele se referia ao prefeito como ‘faraó’, ‘soberano’ e ‘monarca’. O mote da campanha do pedetista foi de que ‘o doido é que tá certo’, pois ele se auto intitula “doido”

Romulo Faro

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