Como é difícil aceitar que alguém como Lula, possa ter cometido algum crime.
Como é fácil acreditar que ele está sendo perseguido e injustiçado. Lula personifica a luta dos pobres contra a própria condição de pobreza.
A luta contra um sistema que mantém a maior parte da população à margem da civilização.
Quem mantém esse sistema?
Quem defende manter o salário-mínimo em menos de R$ 1.000,00 quando deveria ser mais de R$ 3.000,00?
Quem defende aumentar a idade mínima para aposentadoria, quando uma vida de trabalho não é suficiente para a maioria da população acumular patrimônio suficiente para ter uma velhice no mínimo digna?
Quem defende cortes de verbas e limite de gastos para os hospitais públicos, postos de saúde, escolas e universidades, quando tantos brasileiros não tiveram chance de aprender uma profissão que permitisse pagar um plano de saúde particular para si e para sua família?
Quem defende a precarização das coberturas dos planos de saúde apenas para inflar a quantidade de pessoas que os contratam forçando a doença a esperar um período de carência e a se limitar a uma quantidade insuficiente de consultas por mês?
Quem defende um auxílio-moradia de mais de R$ 4.000,00 e condena o bolsa-família afirmando que só serve para produzir vagabundos?
Quem é contra as cotas nas universidades?
Quem não reconhece que esse país possui uma dívida moral com os negros, os índios e os pobres?
Devemos fazer todas essas perguntas e muitas outras até dar nome e rosto a essas pessoas e confrontá-las.
A imprensa costuma apontar para os discursos da esquerda e perguntar “quem são eles”?
A imprensa está certa. A esquerda precisa nominar vigorosamente seus oponentes, não basta mais coletivizá-los protegendo-se e protegendo-os.
É preciso coragem.
Eles, são os juízes, procuradores e desembargadores que vendem sentenças, almoçam, jantam e fazem reuniões suspeitas com políticos suspeitos, são os empresários que reúnem-se e combinam preços de licitações públicas, lucros exorbitantes e planejam novas formas de pagar propinas, e são os políticos que achacam, conspiram e ignoram o voto que receberam criando leis sob encomenda para atender lobistas de poderosos grupos econômicos.
Sim, eles detêm sob seu poder infindáveis recursos econômicos, mas o povo é mais numeroso e vota.
Cansou de assistir inerte a arrogância dos poderosos e vai deixar de votar nos mesmos personagens, ou em seus herdeiros, que nada fizeram para mudar essa realidade hostil e injusta.
Sim, somos todos Lula, mas não somos o “lulinha paz e amor”, não somos o Lula que para poder realizar seus projetos sociais fez acordos com os que hoje são seus algozes, não somos o Lula que fez concessões,
tergiversou, acomodou e acolheu todos os espectros políticos sem considerar o passado, avaliar o presente e projetar o futuro.
A luta é contínua, companheiros e companheiras, vamos ter atenção à valiosa experiência de Lula e prosseguir em direção a uma sociedade verdadeiramente mais justa e igualitária.
Flávio Lima