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Janot acelerou. Temer se safa e Gilmar enfraquece

Quem vencerá

Se a Veja coloca Michel Temer como um caricato general, o boletim oficioso do Planalto, a Istoé dá capa a um Rodrigo Janot como um transtornado, que “perdeu o controle do ego” e saiu “em busca de troféus”, no caso, a cabeça de Michel Temer.

O objetivo é indisfarçado: alimentar oposição interna, no Judiciário e no próprio Ministério Público, a Janot.

Difícil saber, a esta altura, se o “lavajatismo” o apóia: Janot está a três meses de ser bananeira que deu cacho e só o receio de que Temer escolha alguém, tal como fez ao levar Torquato Jardim ao Ministério da Justiça e Alexandre de Moraes ao STF , escolha um procurador de sua estrita confiança para a chefia da Procuradoria Geral da Justiça, que vá aparando as asas dos rapinantes de Curitiba.

Para isso, porém, é preciso frear a “busca de troféus” de Janot e ela parece estar em ritmo acelerado.

Janot sabe que seu adversário na Justiça, Gilmar Mendes, saiu como o Rei Pirro da província de Epiro, após derrotar os romanos: outra vitória como esta e estará completamente arruinado.

Por isso e pelo prazo fatal diante de si, tem de mover-se rapidamente.

Mas não tanto que comprometa dois passos importantes, o primeiro deles fundamental, mesmo.

E este passo inicial é conseguir maioria o mais expressiva possível no plenário do Supremo Tribunal Federal para a aceitação de sua denúncia contra Michel Temer.

A fraqueza temporária de Gilmar não faz dele um adversário banal, nem do tíbio Luiz Edson Fachin um contendor forte a seu favor.

Janot precisa da mídia e não descuida um só instante de alimentá-la, não hesitando, para isso, se servir-se até de alguns canais e métodos abjetos, como o de forçar delações à moda curitibana.

E, claro, “plantar” fatos – como o do jatinho da JBS – e versões, como esta aí ao lado, dada à revista Época, de que há outra gravação explosiva, capaz de complicar a situação de Michel Temer, a ser “usada” na “hora certa”.

A lista de perguntas enviada a Temer e por ele devolvida em silêncio, foi, claro, elaborada com a participação de propostos de Janot e visou, mais do que obter respostas, a criar constrangimento público – merecido, aliás – ao ocupante do Planalto.

E criou, inclusive ao colocar ao STF a questão: se ele não responde como investigado, terá de responder como réu.

Temer, por sua vez, jogou a cartada no segundo passo, dificílimo no curto prazo, da necessária autorização da Câmara dos Deputados pela que se uma ação contra ele se inicie, com a aceitação da denúncia pelo Supremo. Não dada, caso encerrado na Justiça.

Não, porém, na política.

O país caminha para um novo ciclo de afundamento, que ninguém o duvide, porque com as instituições transformadas em octógono de UFC, os apetites mais selvagens do mercado não vão hesitar diante da falta de legitimidade do que querem impor.

E, na falta de pão, aumenta a necessidade de circo, não sem antes jogar aos leões a única referência na política do povão que ainda sobrevive.

Fernando Brito

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