O chanceler palestino, Riyad Al Malik, qualificou a decisão do governo israelense de considerar o presidente Lula (PT) ‘persona non grata’ como uma “estupidez” e um “ato de imaturidade política.
“Lula deveria considerar a declaração [de persona non grata] como um elogio, quando vem dos israelenses”, disse Malik ao jornalista Jamil Chade, do UOL. A decisão de Israel se deu após Lula comparar o genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza ao Holocausto.
“Foi muito estúpido da parte deles [israelenses]”, disse o ministro das Relações Exteriores da Palestina. “Isso mostra estupidez, mostra falta de visão, mostra imaturidade política e falta de sabedoria”, completou.
Ainda segundo ele, “estamos lidando um bando de indivíduos imaturos, que não respeitam o Direito Internacional”.
Os ataques de Israel à Faixa de Gaza já deixaram cerca de 30 mil palestinos mortos, a maioria mulheres e crianças.
Após o governo de Benjamin Netanyahu declarar Lula ‘persona non grata’, o governo brasileiro chamou o embaixador Frederico Meyer à Brasília para consultas, expressando sua insatisfação com a situação.
O chanceler israelense, Israel Katz, disse que a situação será mantida até que Lula se retrate e desde então vem usando as redes sociais para atacar o presidente brasileiro. Lula, porém, não deverá se retratar.
Na entrevista, Malik também destacou que, antes dos ataques contra Lula, o governo sarelense já havia pedido a destituição do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, por ter criticado a ocupação ilegal dos territórios palestinos, uma das razões que resultaram no ataque do Hamas, no dia 7 de outro do ano passado.
“Não há limite para seu comportamento”, ressaltou Malik. “Pergunte para nós. Vivemos sob a ocupação deles por 56 anos. Conhecemos eles muito bem. Talvez esse seja um episódio entre Brasil e Israel.
Mas estamos lidando com tantos episódios todos os dias. Somos especialistas”, ironizou o chanceler.
Ele também ressaltou a “coragem” de Lula ao repetir a acusação de genocídio poucos dias depois de ser criticado por Israel.
“Não se pode virar as costas diante do sofrimento dos outros. Sofrimento humano é sofrimento humano. Ele sabe disso e vemos isso em suas declarações”, afirmou.
REUTERS/BRASIL