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O holocausto palestino

Israel destrói Gaza e assassina o, povo palestino

O povo alemão é um só corpo, mas sua integridade está ameaçada. Para manter a saúde do povo, é preciso curar o corpo infestado de parasitas.” – Adolf Hitler, Minha Luta.

“Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás. Estamos lidando com animais humanos e agindo de acordo.” –Yoav Gallant, Ministro da Defesa de Israel.

Concerto de elos, a História é tecida por fatos que se explicam uns pelos outros, como as ondas do mar, que se parecem autônomas, quando toda vaga é a sequência da anterior e ao mesmo tempo o impulso da onda seguinte.

Um feito, um evento,  uma transformação social, uma ruptura ou uma composição explicam outros sucessos, numa cadeia de interdependência causal em que atuam elementos políticos, econômicos, culturais e sociais, em  níveis que não podemos estabelecer.

É essa correlação sequencial que dá sentido  aos acontecimentos e à vida  política, o produto dialético do encontro do conflito com a harmonia, entre racionalidade e irracionalidade, arbítrio e necessidade, força e debilidades, contradições e antíteses.

O fato histórico é sempre contingente, fixado em espaço certo, fungível e irrecuperável, não repetível senão nas clássicas formações de farsa e tragédia.

Assim se explica porque o processo social é um continuum: os mortos acicatam os vivos, e o passado não reconhece  seu lugar; está sempre presente. Descurar a história é a opção  certa para o erro de avaliação,  ou a medida certa para a  intervenção distorcida.

Uma das formas mais corriqueiras de fugir da realidade, e assim fugir de seu significado para emprestar-lhe outro, é tratá-lo como fenômeno isolado, autônomo, desistorizado.

É o que faz a grande imprensa ocidental soi dissant livre e isenta, embora dependente do grande capital internacional, que lhe fornece sumo e ideologia, e dita sua versão particularíssima dos fatos, quando, sabidamente, a história é uma sequência de causalidades.

Como na ciência, a história não conhece efeito sem causa: a “paz” só se proclama depois da guerra.

A política, porém, pode guardar conceitos distintos para fenômenos semelhantes. A chamada “opinião pública internacional” grafou como “crime contra o direito internacional” a invasão da Ucrânia por uma Rússia que alegava o direito de defesa em face das ameaças à sua segurança.

E não há dúvida de que se tratam de crimes, a invasão e a ocupação. Mas para a mesma opinião pública não constituem   crimes a invasão de Gaza e o assassinato de milhares de civis.

Ninguém ousa chamar às barras do tribunal penal internacional, como criminoso de guerra, que é,  o comandante do ataque genocida contra os palestinos.

A crise de hoje no Oriente médio chega como escombro das últimas guerras do mundo ocidental, e se insere no jogo da disputa geopolítica das últimas décadas – a mudança de guarda.

E mais se acirra quanto mais os EUA desconfiam da fatalidade cíclica de sua decadência, que, no entanto, cobrará ainda muitas guerras até seu desfecho, que pode ser ou não o temido armagedon.

Trata-se, por enquanto, a  guerra de hoje,   de capítulo doloroso, mas ainda não o mais cruel, de um  vasto derramamento de sangue.

É o raio antes da tempestade. Até seu epílogo viveremos, como vivemos, à mercê de todas as guerras: a guerra econômica, os bloqueios, as guerras híbridas, as guerras aparentemente isoladas, a guerra ideológica preparando o terreno para o confronto de forças e a dominação, escrevendo a versão dos fatos, que é sempre a do vencedor.

Em O que fazer com o militar (www.gabinetedeleitura.com), Manuel Domingos Neto observa que todas as guerras compreendem o permanente combate de opinião, a estratégica conquista de “corações e mentes”.

Essa infantaria  prepara o desembarque dos “marines” de todos os exércitos. Somos instrumento das disputas de espaço, marcas do conflito que põe em confronto as potências que conformam a disputa hegemônica.

Somos parte, pela simples condição de existência, mas sem podermos ser sujeito do processo histórico, ditado pela correlação de forças em uma geopolítica que nos é imposta.

A guerra é mundial porque interfere nos interesses das forças que disputam a hegemonia do globo.  O conflito, que se instala no Oriente e divide os árabes, já chegou à Europa depois de contaminar a Ásia e quase destruir a África, fenômeno pouco valorado porque não vitima brancos.

Uma força é o mar, outra o rochedo. Em meio ao entrechoque está o molusco, que são as periferias do poder. Não dispõem de audiência, nem são ouvidas quando ousam falar.

A troca de mando às vezes cobra séculos, pede uma longa gestação, lenta e grave, e a délivrance é de difícil estimativa.  Estamos em trânsito entre a pretensão de unipolaridade comandada pelos EUA, no rasto da debacle da URSS, e a pretensão de bipolaridade anunciada com a emergência da Eurásia, liderada por uma China capitalista e poderosa.

O poder não se compartilha, como ensinou Maquiavel e cantou o bardo com a triste saga do infeliz Rei Lear. Assim os principados, assim os impérios, assim as repúblicas, na guerra e na paz, que, no final das contas são irmãs siamesas.

Roberto Amaral

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