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Rússia rebate EUA e diz que armas nucleares são ‘recurso derradeiro’

Armas nucleares é o recurso derradeiro

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rebateu acusações dos Estados Unidos sobre o uso de armas nucleares por parte da Rússia e classificou a decisão como “recurso derradeiro”.

Ao participar de um fórum educacional nesta quarta-feira (6), Peskov disse que todas as declarações ocidentais de que a Rússia ameaça a segurança global são irresponsáveis. Ele também classificou o tema da guerra nuclear na Europa como uma perigosa “rotinização”.

“Todas as discussões sobre guerra nuclear, que existem muito agora no Ocidente, nas capitais europeias e nos Estados Unidos, são extremamente irresponsáveis ​​e extremamente perigosas porque este tema está sendo rotinizado. Isto é muito perigoso”, completou.

“A guerra nuclear é o último e ‘derradeiro recurso’ [no caso de uma ameaça que ameace a existência da Federação Russa]”, destacou Peskov. Ao falar sobre a possibilidade da Rússia usar armas nucleares, ele lembrou que a Federação Russa tem uma doutrina militar que estabelece rígidas condições sob as quais o país pode fazer uso de armas nucleares.

“Se algo ameaça a existência do nosso país, então armas nucleares. Além disso, é absolutamente impossível”, enfatizou o porta-voz do presidente Vladimir Putin.

Os comentários de Peskov surgem no contexto em que os Estados Unidos vêm afirmando que a Rússia estaria supostamente pronta para implantar armas nucleares no espaço. A Casa Branca, no entanto, não apresentou evidências concretas.

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou tais declarações do Ocidente como uma farsa. Já o chefe da Roscosmos (agência espacial federal da Rússia) chegou a anunciar a implantação de armas nucleares da Federação Russa, juntamente com a China, na Lua até 2035.

Em fevereiro, uma publicação da agência Bloomberg, citando fontes de alto escalão anônimas, relatou que os EUA teriam informado aos seus aliados que a Rússia poderia implantar armas nucleares ou uma ogiva simulada no espaço já este ano.

Assim, em 14 de Fevereiro, o presidente do Comité de Inteligência da Câmara dos EUA, Mike Turner, anunciou um briefing fechado no Congresso dos EUA dedicado ao tema de “uma séria ameaça à segurança nacional”. Posteriormente, o coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, esclareceu que isto se deve ao desenvolvimento de armas anti-satélite pela Rússia.

Ao reagir aos rumores norte-americanos, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que estas alegações são uma “manobra da Casa Branca” destinada a persuadir o Congresso a votar a favor do projeto de lei de ajuda à Ucrânia. O presidente Vladimir Putin se manifestou dizendo que a Rússia é categoricamente contra a implantação de armas nucleares no espaço. Segundo o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, Moscou não implantou e não planeja implantar tais armas.

Ocidente aumenta provocações

O Ocidente tem elevado o tom em relação ao possível aumento da interferência no conflito da Ucrânia. Primeiramente, o presidente francês Emmanuel Macron afirmou na última terça-feira (27) que, para alcançar a vitória sobre a Rússia na guerra, “não se pode descartar o envio de forças terrestres ocidentais” para a Ucrânia. A declaração recebeu foi rechaça por outros líderes da União Europeia e da Otan.

Ao responder à provocação do presidente francês, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o plano cogitado pelo Ocidente “levaria à ameaça de um conflito com armas nucleares e, portanto, à aniquilação da civilização”, pois representaria um conflito direto entre a Rússia e a Otan.

Paralelamente, no último fim de semana, foi publicada na mídia russa uma gravação de áudio na qual o general e vários oficiais da Força Aérea Alemã supostamente discutiram os parâmetros do uso de mísseis Taurus, inclusive para ataques à Ponte da Crimeia.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia respondeu dizendo que esta situação demonstra claramente o envolvimento do Ocidente no conflito na Ucrânia, chegando a convocar o embaixador alemão em Moscou para prestar esclarecimentos.

Serguei Monin

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