Após seis meses, Bob Dylan falou em um longo texto sobre o prêmio Nobel de Literatura, que recebeu em 10 de dezembro de 2016. O cantor escreveu uma longa carta e divulgou a gravação de sua voz, contando que fez uma reflexão sobre como suas músicas eram relacionadas com a literatura.
“Quando eu recebi esse Prêmio Nobel pela Literatura, eu fiquei me perguntando como minhas músicas se relacionavam com a literatura exatamente.
Eu tive que refletir sobe isso e ver aonde estavam as relações”, iniciou ele, que lembrou a importância de canções de “Buddy Holly”, “Leadbelly “e outros artistas no início de sua carreira na música.
“Ouvindo todos os artistas populares do início e cantando suas músicas, você capta a língua. Você a internaliza. Você ouve todas as sutilezas, e aprende os detalhes”, afirma o cantor, após dizer que tentaria passar para o público tudo o que ele pensou nesse período.
“Quando eu comecei a escrever minhas próprias músicas, a linguagem popular era o único vocabulário que eu conhecia e eu o usei”, disse Dylan, que também citou referências da literatura que foram determinantes em sua composição musical.
“Eu tinha princípios, sensibilidade e uma visão informada do mundo. Aprendi tudo na escola de gramática. Com ‘Dom Quixote’, ‘Ivanhoé’, ‘Robinson Crusoe’, ‘As viagens de Gulliver’, ‘Uma história em duas cidades’ e todo o resto – leituras típicas da gramática que lhe dão uma maneira de ver a vida, a compreensão da natureza humana e um padrão para medir as coisas.
Peguei tudo isso comigo quando comecei a compor letras. E os temas desses livros entraram em muitas de minhas músicas, seja conscientemente ou sem intenção. Eu queria escrever músicas contrárias a qualquer coisa que as pessoas há tinham ouvido, e esses temas eram fundamentais.”
Em seu depoimento, Bob destaca ainda que não só ele, mas tantos outros compositores, foram influenciados pelos mesmos temas. Após citar algumas obras que influenciaram seus trabalhos, Bob finalizou o texto afirmando que cada tipo de poesia tem uma maneira de ser apreciada.
“Nossas músicas estão vivas na terra dos vivos. Mas músicas são diferentes da literatura. Elas são para ser cantadas, não lidas. As palavras das peças de Shakespeare eram para ser apresentadas no palco. Assim como as letras em canções são feitas para serem cantadas, ou não lidas no palco.
E eu acredito que alguns de vocês tiveram a chance de ouvir essas músicas da maneira que devem ser ouvidas: em shows ou gravações ou de todas as formas que as pessoas estão ouvindo músicas atualmente.”
O cantor, que falou à cerimônia de entrega do prêmio, aceitou em abril seu Nobel de Literatura em uma reunião com a Academia Sueca, que lhe concedeu o prêmio por sua poesia.
O cantor tinha até o dia 10 de junho para fazer seu discurso de aceitação do prêmio, e assim poder receber o prêmio de oito milhões de coroas suecas (839 mil euros).
Por G1
