As vozes atucanadas da direita brasileira estão urrando para que o Supremo Tribunal Federal anule parte da votação do Senado e decrete, de ofício, a perda dos direitos políticos de Dilma Rousseff.
É claro que na parcela “kinkataguirista” do neofascismo tupiniquim o motivo é só ódio mesmo.
No próximo post, aliás, vou tocar no dramático fato de ter crescido em nossa sociedade um cogumelo venenoso, de gente – se é que posso chama-los assim – absolutamente convertida ao fascismo como método de controle social.
Mas não é isso o que se passa entre as raposas que, agora, tomam conta do galinheiro.
Dilma não tem mais o mandato, tem chances zero de recuperá-lo judicialmente e, concordam as pesquisas, nenhuma chance de fazê-lo eleitoralmente.
Sob o ponto-de-vista, Dilma seria um cadáver e, agora, sepulto.
Então, porque manifestações como a de Ricardo Noblat, hoje, em O Globo, mais que insinuando que a não cassação seria uma obra a quatro mãos Renan Calheiros- Ricardo Lewandowski associada á concessão do aumento dos salários dos ministros do STF:
“A crise política contaminou o STF.
Mas se ele quiser, poderá cingi-la ao governo e ao Congresso.
Basta anular a decisão monocrática de Lewandowski que permitiu fatiar o resultado do impeachment. A valer a Constituição, o Senado cassou os direitos de Dilma quando lhe cassou o mandato.
É bem verdade que o reajuste salarial do Judiciário, a ser votado em breve, depende do Senado. Aí… sei não.”
Há um duplo movimento nesta atitude.
O primeiro é criar um factóide político que desvie a atenção da ilegitimidade de Michel Temer, da falta de respostas à situação de crise – alguém aí ainda que sustentar aquelas frases do tipo “a economia dá sinais de recuperação”? – e, ainda pior, da temporada de maldades que está prestes a se iniciar.
O segundo é completar o processo de submissão do STF, que restará devidamente esclarecido de que só pode fazer o que lhe ordenam, sob pena de execração pública.
Infelizmente, não se pode dizer que em todos os seus membros o caráter seja exatamente o de um rochedo, que permanece imóvel mesmo diante das ondas mais violentas.
Oferece-se, assim, à sua próxima presidente – a que não gosta de presidenta – a oportunidade de de ser a grande partner de Temer.
Resta saber como a ministra responderá à questão por ela mesma posta em 2014, em entrevista à Veja: de quem ela ouvirá “eu te amo” e de quem ouvirá “sim, senhora”.
Fernando Brito