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Bolsonaro volta a ofender mulheres: “usam condição biológica como escudo”

Bozo não gosta das mulheres

A advogada e apresentadora Gabriela Prioli foi alvo de um novo ataque de Jair Bolsonaro (PL) às mulheres.

Na quinta-feira (1), o presidente usou as redes sociais para ironizar um comentário da apresentadora em que ela explicava os motivos para não querer entrevistá-lo.

Na postagem, Bolsonaro associou Prioli a um time de futebol de um programa humorístico, o Tabajara Futebol Clube, que se recusava a contratar um craque de jogo. No caso, Bolsonaro se autocolocava no papel do jogador rejeitado.

Ao receber críticas da apresentadora, Bolsonaro retomou a tese de que se valeu da liberdade de expressão para se defender e, novamente, lançou mão da ideia de que mulheres se beneficiam da “condição biológica como escudo”.

“Igualdade é tratar a todos sem distinções, partindo do princípio de que ninguém é inferior ou superior a ponto de ser imune a críticas. Quando se usa da condição biológica como escudo para ser desrespeitoso e se blindar de resposta à altura, a igualdade dá lugar ao oportunismo”, publicou no Twitter, neste sábado (3)

A publicação original de Jair Bolsonaro repercutiu diante dos seguidores e atiçou um movimento de ódio contra a advogada, que está grávida de uma menina, com seis meses de gestação.

Nesta sexta-feira (2), em suas redes sociais, ela reagiu ao tom da publicação e também às ameaças.

Acusou o presidente de querer manobrar a sua militância contra ela, pontuando que o ódio dele às mulheres não diminui, mesmo com um baixo desempenho eleitoral neste segmento.

“O ódio de Bolsonaro às mulheres é tão forte que, mesmo precisando conquistar o eleitorado feminino, ele não consegue se controlar. A resposta revela o incômodo.

O título da matéria deve ter abalado o ego frágil de quem foi um rejeitado durante a vida toda. A psicanálise explica”, postou a advogada.

Neste sábado (3), o presidente participou de um evento chamado “Mulheres pela Vida e pela Família”, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. A agenda, que contou com a participação da primeira-dama Michelle Bolsonaro, foi marcada por uma declaração em defesa das armas.

Bolsonaro comentou que havia um candidato defendendo fechar clubes de tiros e distribuir livros.

Em seguida, falando para uma plateia hegemonicamente de mulheres, atacou: “Prefere sacar da bolsa a Lei Maria da Penha ou uma pistola?”. A plateia devolveu: “Pistola!”

O evento foi promovido pela ala feminina do Partido Liberal (PL), legenda do presidente, e teve como uma das organizadoras Denise Lorenzoni, esposa do ex-ministro e candidato ao governo do Rio Grande do Sul, Onyx Lorenzoni.

Os discursos da primeira-dama e do presidente foram marcados por forte tom religioso, com trechos em defesa da vida e da família.

A campanha do presidente Bolsonaro vem tentando contornar o baixo desempenho dele entre o eleitorado feminino, com a presença de Michelle Bolsonaro nos eventos e ações especificas para este segmento.

Segundo o Datafolha, o presidente tem 29% das intenções de voto entre as mulheres, contra 48% do ex-presidente Lula.

Imóveis com dinheiro vivo

Enquanto Jair Bolsonaro mantém o tom agressivo contra as mulheres, novas denúncias sobre práticas de corrupção envolvendo o nome do presidente e de seus familiares se acumulam nos noticiários.

Na terça-feira (30), o portal UOL revelou que o presidente, os filhos e irmãos compraram, desde os anos 1990, 107 imóveis. Ao menos 51 deles foram pagos com dinheiro vivo.

Ainda na quinta-feira (1), o portal publicou uma entrevista com Marcelo Nogueira, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, em que ele afirma ter ouvido da ex-mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, que o presidente havia pago parte de uma mansão na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, em dinheiro.

Os valores em espécie não constavam na escritura do imóvel.

Os casos de compras de imóveis com dinheiro vivo podem estar relacionadas com a prática de “rachadinha”, que é o ato de reembolsar partes do salário de funcionários do próprio gabinete.

O alvo de uma investigação sobre este tipo de crime é o filho do presidente, Flávio Bolsonaro, durante o período em que ele cumpria mandato de deputado estadual pelo Rio de Janeiro.

Edição: José Eduardo Bernardes

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