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Comandante da Marinha afirma que não participará da troca de comando

Almirante Olsen, novo comandante da Marinha

O evento que vai oficializar a troca da chefia da Marinha está marcado para o dia 5 de janeiro no Clube Naval, em Brasília.

O futuro comandante Marcos Sampaio Olsen, no entanto, já assumiu o cargo de forma interina neste sábado (31) e participará das cerimônias oficiais representando a Força.

Ao invés da tradicional passagem de comando, Olsen deverá somente assumir o cargo em cerimônia com o futuro ministro da Defesa José Múcio Monteiro, o Alto Comando da Marinha e convidados.

Almir Garnier foi o único comandante que não se reuniu com Múcio no período de transição, como revelou a Folha de S.Paulo.

Escolhido para chefia o Ministério da Defesa, o ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) chegou a trocar mensagens com o almirante e se dispôs a ir ao Rio de Janeiro para encontrá-lo, mas não teve sucesso.

A reportagem procurou a Marinha para obter detalhes sobre a passagem de comando, mas não obteve resposta.

O comandante da Marinha queria entregar o cargo antes da posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele chegou a planejar a cerimônia para o dia 28 de dezembro.

O Alto Comando da Marinha, no entanto, se reuniu às vésperas do Natal e convenceu Almir Garnier a entregar o cargo somente em janeiro.

Segundo relatos feitos à Folha de S.Paulo, o comandante da Marinha disse ao almirantado que estava decepcionado com a vitória de Lula, razão pela qual gostaria de deixar o posto antes da posse.

Apesar da vontade pessoal, de acordo com uma pessoa presente na reunião, Almir decidiu submeter a decisão ao colegiado de almirantes de Esquadra.

A avaliação majoritária na cúpula da Marinha é que a manutenção da tradição, com a passagem de comando da Força em janeiro, seria o menos traumático para a transição, considerando que o sucessor será Marcos Sampaio Olsen, almirante respeitado pelos colegas.

Almir Garnier também travou um embate com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para definir qual seria a data da passagem de comando.

Paulo Sérgio definiu que a transição ocorreria quarta (28) ou quinta (29), e Múcio acatou a decisão em reunião na última segunda (26). O comandante da Marinha, no entanto, se negou a antecipar a solenidade, como mostrou a Folha de S.Paulo.

Diante da crise, Almir e Paulo Sérgio se reuniram na quarta (28) para discutir os rumos da Marinha e a crise envolvendo a transição. Segundo relatos de interlocutores, o ministro da Defesa ouviu o desabafo do chefe da Força Naval e aceitou a ausência do chefe militar na solenidade.

Apesar dos desacertos, José Múcio Monteiro estará ao lado dos comandantes escolhidos por ele durante a posse de Lula, durante as honras militares prestadas no Palácio do Planalto.

São eles Júlio César de Arruda (Exército), Marcos Sampaio Olsen (Marinha) e Marcelo Kanitz Damasceno (Aeronáutica).

A posse de Múcio está marcada para a próxima segunda-feira (2), na sede do Ministério da Defesa. Ele já definiu que os dois principais auxiliares na pasta serão o almirante Aguiar Freire, futuro chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, e o ex-secretário de administração do TCU Luiz Henrique Pochyly, que será secretário-geral da pasta.

Além deles, o ministro escolhido por Lula convidou o brigadeiro Rui Mesquita para chefiar a Secretaria de Produtos de Defesa, uma das mais cobiçadas da pasta, por envolver relação com os empresários da Base Industrial de Defesa.

Cézar Feitoza

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