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Redação Pragmatismo Redação Pragmatismo Editor(a) DIREITA13/SParte do Movimento Brasil Livre admite que Lula foi condenado injustamente

MBL E CUNHA

A tentativa do Movimento Brasil Livre (MBL) de se distanciar da “direita raivosa” e adotar posições mais moderadas no debate político deu início a um processo interno de autocrítica que, entre outras revisões, começa a questionar se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve direito a julgamento justo.

Em entrevista ao Brasil de Fato, o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM) revelou que parte do movimento hoje tem dúvidas a respeito da parcialidade do ex-juiz Sergio Moro na condenação de Lula – embora esta, ressaltou, não seja a sua posição.

“Existem pessoas no MBL que discordam do que eu estou falando, é uma divisão interna, mas não encontrei nenhum tipo de indicação de que nos autos ele agiu com intenção de prender o Lula e dane-se o mundo”, frisou.

Perguntado sobre quais seriam as pessoas que pensam diferente dele, esquivou-se.

Sobre outros temas, no entanto Holiday foi bastante incisivo, afirmando que uma das principais tarefas do MBL hoje é se afastar do clima bélico que ajudou a construir.

Colabora para essa guinada o fato de alguns de seus principais integrantes estarem assumindo postos importantes na política institucional.

Além de Holiday, eleito vereador em 2016, Kim Kataguiri, um dos rostos mais conhecidos do grupo, se tornou deputado federal, enquanto Arthur Moledo do Val, conhecido pelo canal “Mamãe falei”, foi eleito deputado estadual. Todos pelo DEM paulista.

Criado para apoiar o golpe que culminou na saída de Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República em 2016, o MBL expandiu suas bandeiras e passou a tratar de moral e costumes, se tornando um obstáculo e uma voz estridente contra o avanço de pautas progressistas.

A discrição e tranquilidade de Holiday, sentado na poltrona de seu gabinete na Câmara dos Vereadores durante entrevista, contrasta com a imagem do militante de direita exaltado que bradava contra adversários políticos.

 Holiday lamenta que o movimento tenha cooperado para o “assassinato de reputações”.

Em 2017, houve um episódio que explica como atuava o grupo.

O MBL acusou o coreógrafo Wagner Schwartz de promover a “erotização infantil” com sua performance no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM).

A ofensiva do coletivo gerou um protesto no dia 30 de setembro em frente ao espaço, que terminou com funcionários do museu agredidos.

O deputado federal João Rodrigues (PSD-SC), usando a tribuna da Câmara dos Deputados, chegou a sugerir tortura para o artista.

O vereador entende que as posições do movimento prejudicaram o debate público sobre algumas pautas.

“Acabou ajudando a alimentar uma direita radical e truculenta, que não gosta de diálogo nem mesmo dentro dos espaços que foram feitos para o diálogo, como o Congresso Nacional”.

O vereador acredita que a direita precisa estudar mais, para “qualificar o debate”.

“A maior parte do público da direita são cidadãos comuns, que não têm tempo e não têm disponibilidade ao longo da sua vida de ter estudado.

São pessoas que têm impressões conservadoras, que é o perfil do brasileiro. Para atrair essas pessoas, não as atrai com argumentos teóricos, você as atrai com impressões, então acho que a direita ficou mal acostumada nesse sentido.”

RP

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