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O capitão agora quer fugir de um navio que ele mesmo está afundando

Culpa apontada, foto por Marian Kamensky (Áustria)

Depois de verificar que estavam bem acomodados no avião presidencial os filhotes 01, 02 e 03, os ministros mais chegados e o maior rato que já existiu na face da Terra, o capitão Jair Messias ordenou que levantassem voo.

– Pra onde? – perguntou solícito o piloto, sem tirar os olhos do ratão.

– Pra onde houver um navio afundando.

O piloto, sem entender a ordem, olhou para o copiloto que, imediatamente, ligou para o serviço de informações da marinha.

– Quem é responsável pelos navios em afundamento?

– Não seja idiota, cara! – respondeu de lá um mequetrefe descontente. – Navio em afundamento não tem responsável, só tem irresponsável.

– Então me passa o irresponsável de plantão.

Esperou alguns minutos, olhando de banda o ratão.

– Alô? – disse uma voz irritada.

– Você é o irresponsável pelos navios em afundamento?

– Eu mesmo.

– Sabe me dizer onde tem algum navio afundando neste momento?

– Estamos em falta. Todos os que estavam afundando já afundaram.

– Obrigado, cara – agradeceu o copiloto e, virando-se para o piloto, confirmou a informação: – Por ora estão em falta, comandante.

O piloto se voltou para o capitão:

– Sinto muito, capitão, mas afundando não tem nenhum.

FAZER O QUÊ?

O piloto verificou os comandos e viu que estava tudo ok. Olhou para o capitão e percebeu que nem tudo estava ok.

– Desculpe, capitão. Mas por que procura um navio afundando?

– Você quer saber do navio ou prefere saber o que esse ratão tá fazendo aqui?

– As duas coisas, acho – confessou o piloto.

– Explica pra ele, meu chapa – disse o capitão ao escudeiro – Moro –, você que é ministro da injustiça e anda devendo explicações.

– Mas explicar o quê, capitão, se a ideia foi sua?

– Minha, não, a ideia foi do Guedes. Ou do Salles. Alguém sugeriu e eu topei.

– A ideia foi minha, capitão – disse o ministro que tem nome de pedra.

– Ah, eu sabia que tinha sido um de vocês! – vociferou o capitão. – Uma ideia tão idiota só podia ser de um ministro. Explica aí, ó nome-de-pedra.

RATÃO MADE IN USA

Mais que depressa, o ministro nome-de-pedra começou a explicar:

 – Estava eu no gabinete jogando porrinha com minha secretária, quando lembrei de um ditado muito popular: “Quando um navio afunda, os ratos são os primeiros a cair fora”. Me pareceu perfeito pra situação atual do Brasil.

– Não entendi – confessou o piloto.

– Vê se eu explicando você entende, porra! – explodiu o capitão. – O Brasil tá uma merda só, não tá? Hein? Tá ou não tá?

– Se o senhor tá dizendo… – anuiu o piloto.

– Pois então? – continuou o capitão. – Faça de conta que o Brasil é um navio e o navio tá afundando. Ficou claro?

– Se o senhor tá dizendo… repetiu o piloto.

– Se o navio, quer dizer, se o Brasil tá afundando como um navio, os primeiros a cair fora são os ratos. Como pensamos em cair fora antes do navio, quer dizer, do Brasil afundar, montamos nesse ratão e agora precisamos de um navio afundando.

– Até aí tudo bem. Mas eu nunca tinha visto um ratão desse tamanhão.

– Isso foi ideia do Guedes – explicou o capitão. – Como o bosta não consegue sair do atoleiro econômico, encomendou esse ratão aí pra gente montar nele e fugir do navio afundando, quer dizer, do Brasil afundando.

– Encomendou de quem? – insistiu o piloto.

– Encomendou da CIA, cara. Ligou pro Trump e na CIA fabricaram esse ratão e mandaram pra nós. A CIA é capaz de tudo, cara! É ou não é?

– Mas mandaram numa boa? – duvidou o piloto. – Sem pedir nada em troca?

– Claro que pediram, meu chapa – riu-se o capitão. – O sacana do Trump pediu a Amazônia em troca. Mas, esperto como sou, ele só vai levar a metade, depois que nossa gente incendiar ela, tudinho. Ele leva metade e o resto fica pra gente criar boi. O nome-de-pedra tá preparando a minuta da escritura pro congresso aprovar.

– Isso aí, papai! – aplaudiram a uma voz os filhotes 01, 02 e 03, felizes por terem um pai tão esperto e tão bom negociador.

Sebastião Nunes

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