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PM acusado de abusar da filha trabalhou com crianças em igreja de Michelle Bolsonaro. Por Zambarda

PM acusado de abusar da filha trabalhou com crianças em igreja de Michelle Bolsona

Em janeiro de 2019, o DCM reportou que Sigrid Engersen Navarro processou a Igreja Batista Atitude pelo sumiço de R$ 726.300. Ela entrou na Justiça contra o pastor Oséias Oliveira de Abreu e a própria igreja.

Outra fiel, chamada Alessandra Costa de Azevedo, também contou ao Diário ter sido lesada em quase R$ 200 mil.

A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, frequentava a igreja e o presidente Jair Bolsonaro já participou de seus cultos ao lado do pastor Josué Valandro Junior.

Com exclusividade no DCM, tivemos acesso a um processo envolvendo o policial militar Airton Rui de Souza Júnior. Amigo de Josué Valandro, Souza Júnior é acusado por sua ex-mulher de agressão envolvendo os dois filhos menores de idade e abuso sexual envolvendo sua filha que tinha na época 13 anos.

Acusação de abuso sexual envolvendo PM amigo de pastor.

O DCM teve acesso a uma petição do processo envolvendo os dois menores de idade, uma de 13 e outro de 12 anos. Os episódios de agressão ocorreram nos meses de março e abril de 2017.

No dia 16 de outubro de 2017, a ex-mulher buscou o Conselho Tutelar. A petição assinada pelo advogado dela, André Macedo Nascimento, detalha os episódios de agressão envolvendo os jovens.

As informações foram acessadas com ajuda de duas fontes que pediram anonimato. As agressões são narradas, no documento, com informações de uma testemunha que era amiga do PM.

O relato:

“No dia 17/4/2017, o genitor [pai] telefonou para genitora [mãe] para ajustar a visita dos MENORES que, então, indagaram se a [atual mulher do PM] estaria com o pai, recebendo a resposta do mesmo que não.

Ato continuo, a [atual mulher do PM] intervém na ligação afirmando que estaria com o genitor sim, dando início a uma discussão acalorada com o MENOR [filho do PM] e, posteriormente, com a genitora.

No curso desta discussão a [atual mulher do PM] afirmou que ‘daria uma injeção nos MENORES’, afirmando que ‘era enfermeira’, e que era ‘para eles não irem para o pai’.

Após esta discussão, o estado emocional dos MENORES desmoronou, sendo, inclusive, registrado por vídeo enviado ao genitor para reflexão.

No dia 22/9/2017, o genitor preparou uma festa de aniversário para a menor [filha do PM], e estando a [mulher do PM] presente, a mesma constrange a menor em sua própria festa, de modo a desmotiva-la a estar com o genitor, e agir com medo.

Diante daquele quadro, a genitora buscou o Conselho Tutelar o dia 16/10/2017*”.

O relato ganha mais gravidade, na petição, com a fala da conselheira tutelar para a mãe das crianças. A ex-mulher do PM diz o seguinte:

“A mesma Conselheira teria afirmado ser ‘perigoso’ deixar os MENORES irem para a casa do genitor e que a genitora seria a responsável se algo acontecesse com os filhos.

Ao ouvir o áudio que a [atual mulher do PM] encaminhou para genitora, a Conselheira teria orientado que a genitora buscasse a autoridade policial, o que não foi feito devido ao genitor assegurar que se tratavam de acusações falsas da [atual mulher do PM], motivadas por ciúmes dele com os filhos, especialmente a filha.

Os fatos envolvendo os MENORES, portanto, tiveram início no mês de Março de 2017, e permaneceram ocorrendo, de forma continuada, nos anos seguintes.

Há prova segura destas conversas e eventos no pen drive acautelado no cartório*”.

A atual mulher do PM Airton Rui de Souza Júnior sustenta que ele abusou sexualmente da filha menor de idade de sua ex. Os abusos envolveram gravações da jovem nua, além dos episódios envolvendo agressões e brigas envolvendo ela e o irmão.

A jovem também sustenta, no processo, que sofreu abuso.

De acordo com as fontes consultadas pelo DCM, Souza Júnior fez trabalhos com crianças na Igreja Batista Atitude do Rio de Janeiro. Os pastores foram comunicados das acusações graves envolvendo o PM, mas não tomaram nenhuma providência.

O Ministério Público tentou arquivar o processo, que está em curso. O advogado da ex-mulher do policial militar argumentou contra o arquivamento segundo a petição acessada pelo Diário.

“Pelo exposto, entende a suplicante, data vênia, que a hipótese não autoriza o arquivamento, mas sim, com os elementos de prova já carreados aos autos, o prosseguimento do feito, seja perante esse Douto Juízo, seja em sede Criminal Comum ou Especializada da Infância e Adolescente, aproveitando todos os atos praticados até aqui, o que ora se requer, como de direito”, diz a petição, anexada no dia 25 de julho de 2022.

O pastor Josué Valandro, da Igreja Batista Atitude, recebeu em 8 de dezembro de 2021 o título de Comendador da Ordem de Rio Branco, condecoração com presença de Jair Bolsonaro.

Em março de 2022, começo do ano eleitoral, o presidente recebeu 280 lideranças religiosas.

Valandro estava entre os líderes. Sempre próximo de Jair Bolsonaro, graças às relações que ele cultiva com Michelle Bolsonaro. E sem responder aos escândalos que envolvem sua igreja.

 Pedro Zambarda de Araujo

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