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Por assediar professora bolsonarista é expulsa de programa de doutorado

A professora bolsonarista Sheylla Susan de Almeida

Uma professora bolsonarista que chamou seus alunos de “esquerdistas” e deixou de orientar estudantes de Farmácia após descobrir que eles não apoiavam o presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi desligada do programa de doutorado da Universidade Federal do Amapá (Unifap).

Em uma reunião extraordinária da coordenação estadual do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia (Rede Bionorte), realizada no dia 9 de novembro, a professora que foi identificada como Sheylla Susan de Almeida e foi expulsa do projeto.

A coordenação da Rede Bionorte avaliou que ela praticou discriminação e assédio contra os estudantes de doutorado da faculdade.

A educadora havia comunicado, por meio de um grupo de WhatsApp, que ela mesmo criou, a decisão unilateral aos doutorandos sobre não orientá-los mais.

A docente disse que “não quer esquerdistas no laboratório” de Farmácia.

“Procurem outro professor para orientar vocês. Amanhã estarei entregando a carta de desistência da orientação de vocês. Não quero esquerdistas no laboratório. Portanto, sigam a vida de vocês, e que Deus os abençoe”, escreveu Sheylla.

A mensagem foi direcionada para mais dois alunos. A professora pediu ainda que seu posicionamento fosse divulgado para outros estudantes petistas.

“Se tiver mais algum esquerdista, que faça o favor de pedir desligamento. Ou estão comigo ou contra mim.”

A professora da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Débora Arraes, que realiza pesquisa de doutorado na Unifap, foi dispensada pela professora também.

Débora afirmou que a orientadora é “declaradamente negacionista” mas que, até então, “nunca havia demonstrado comportamento semelhante” com os alunos.

“Fui informada de que eu estava sendo desligada pelo fato de eu ter votado no Lula. Ela nunca havia demonstrado posicionamento semelhante por questões políticas. Nas redes sociais, ela é declaradamente negacionista, mas eu, como aluna e também professora, entendo que são posições que não deveriam ser consideradas numa relação entre orientador e orientando”, comentou Débora, em uma entrevista.

No dia 3 de novembro, a professora fez um pedido de desculpas por meio de suas redes sociais e informou que “acabou se excedendo”. Ainda assim, a professora bolsonarista ataca o presidente eleito e seu partido.

No entanto, em seu currículo Lattes, é informado que ela recebeu bolsas durante os governos de Lula para poder cursar o doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).

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