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A coação do PMDB sobre Dilma Rousseff

E viva Dilma

Dificilmente se encontraria para descrever as circunstâncias políticas por que passa, com grandes dificuldades, a Presidenta Dilma Rousseff do que aquela contida no artigo 158 do Código Penal.

“Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa”.

Substituída a vantagem econômica por política – e nem sempre se substitui, como sabemos – a narrativa penal é precisa.

Levada a este ponto por erros próprios do isolamento, sim, mas todos ele pequenos ante a guerra político-midiática que destroça a economia e não se deteve nem mesmo com o resultado das urnas, é assim que se tem de avaliar e definir os caminhos políticos de sobrevivência da democracia e de nossos direitos.

A construção de um ambiente histérico de moralismo que – a começar pela ação dos jornais sobre a classe média – prescinde de provas e seu julgamento, ironicamente, favorece a exacerbação dos mecanismos de sobrevivência política que, alegadamente, se diz combater.

E, então, o governo cede e dá parcelas de si próprio senão, na expressão popular, como diz Janio…

Ou desce

Janio de Freitas, na Folha

Na aparência, um PMDB que decide salvar o “ajuste fiscal” e o governo, curvando-se a dezenas de vetos presidenciais a medidas só aprovadas pelo Congresso porque sustentadas pelo mesmo PMDB.

Na realidade, uma chantagem política, urdida passo a passo, por meses, até o governo sentir-se em sua penúltima hora.

E entregar, entregar-se, ao PMDB que lhe disse o que queria e o que fazer, para ser salvo na salvação do seu “ajuste”. O PMDB em plena forma.

Visto como um gesto altruísta de Michel Temer, ou de ressentimento desse peemedebista com ares de esfinge, a recusa em fazer indicações na mudança do ministério foi, de fato, o abandono de Dilma às feras: “negociação”, só com a bancada na Câmara.

Além de feras peemedebistas, centuriões de Eduardo Cunha. Jogo decido antes de começar.

Para esse PMDB, impeachment ou não, pouca diferença faz. O PMDB deu-lhe uma derrubada como efeito colateral, na ocasião mesma em que Aécio propalava negociações para a adesão dos peemedebistas à derrubada de Dilma.

Tal efeito não alivia tanto as expectativas de Dilma, porque suas possíveis dificuldades vêm mais da Justiça Eleitoral e do Tribunal de Contas da União do que de Aécio e seus aprendizes de golpistas.

Alteram, porém, o confronto de forças políticas, em favor de Dilma, mas a turbulência, no entanto, continua.

Mas com o PMDB instalado em conforto no governo, sobre um colchão de R$ 106 bilhões da saúde e outros bilhões menos visíveis e também divisíveis, a configuração geral fica menos agitada e menos difusa.

Por quanto tempo, só o PMDB poderia sugerir. E não diz.

Fernando Brito

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