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Deputado fotografado com lista de valores na votação da denúncia contra Temer

Deputado confere presença e controla voto

O vice-líder do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS), foi flagrado no plenário da Câmara, na votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, com uma lista contendo valores e referências ao Ministério da Agricultura.

Durante a sessão, que livrou Temer de investigações pela segunda vez, o deputado foi fotografado conferindo o painel de presenças, que mostra quem de fato foi ao local para marcar o voto.

Os registros foram feitos pelo fotojornalista Lula Marques, especializado na cobertura política em Brasília, e distribuídos em redes sociais como Facebook. Perondi é um dos homens  da “tropa de choque” de Temer e seu fiel defensor na Câmara.

O deputado é uma espécie de “porta-voz” de Temer na Câmara.

Desde que a primeira denúncia contra Temer, por corrupção passiva, chegou à Casa, em junho passado, Perondi vinha atuando diariamente para convencer deputados a votar contra a denúncia.

A missão era reforçada por outro vice-líder do governo, Carlos Marun (PMDB-MD), deputado que se notabilizou pela defesa leal a peemedebistas encrencados com a Justiça – caso do ex-deputado fluminense Eduardo Cunha, condenado a mais de 15 anos de cadeia na Operação Lava Jato e um dos membros do “quadrilhão do PMDB” na Câmara, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Marun chegou a visitá-lo na prisão, em viagem custeada pelos cofres públicos.

Junto com o deputado gaúcho Alceu Moreira (PMDB), outro ferrenho fiador da gestão Temer, Darcísio Perondi é responsável pela condição de “ficha suja” do presidente, de acordo com a Justiça Eleitoral.

Em representação formulada pelo Ministério Público Eleitoral, o cacique peemedebista doou R$ 100 mil, nas eleições de 2014, para os então candidatos do PMDB do Rio Grande do Sul à Câmara.

Membros do ala oposicionista radical do PMDB quando o partido ainda era parceiro da gestão Dilma Rousseff, ambos votaram a favor do impeachment da petista em 17 de abril.

Em junho do ano passado, a inelegibilidade de Temer foi confirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP).

A lista inclui valores que somam mais de R$ 2 milhões.

Ao Congresso em Foco, a assessoria do deputado informou que se trata de uma foto maldosa, que não condiz com a realidade, e afirmou que Perondi fazia anotações em uma lista de demanda de municípios gaúchos ao deputado, “algo normal de qualquer gabinete”.

A reportagem tentou contato com o deputado, mas o parlamentar estava retornando ao seu estado e, segundo a assessoria, sem poder falar ao telefone.

Ao jornal O  Estado de S.Paulo, Perondi disse que o documento, onde se lê “propostas do Ministério da Agricultura”, nada mais é que uma lista de demandas de cidades do Rio Grande do Sul encaminhadas ao seu gabinete, e não uma relação de “compra de votos”, como o fotojornalista sugeriu nos registros.

“Eu estava trabalhando a relação dos pedidos dos municípios. Eu não fui ao meu gabinete e pedi para a minha secretária trazer ao plenário para eu poder trabalhar”, argumentou o parlamentar, que exerce o sexto mandato consecutivo.

As negociações do presidente Michel Temer com os deputados para garantir que a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) fosse sepultada na Câmara envolveram pelo menos R$ 16 bilhões.

O jornal O Globo informou que, ao valor, devem ser acrescentados cargos e benesses de valor inestimável, como a mudança no combate ao trabalho escravo.

O Palácio do Planalto acelerou a liberação de recursos para o empenho de emendas parlamentares obrigatórias desde setembro, quando apareceu a segunda denúncia contra Temer.

Foram R$ 881,3 milhões em menos de dois meses, sendo R$ 607,9 milhões apenas nos primeiros 21 dias de outubro e R$ 273,4 milhões em setembro.

No final da semana passada, grandes volumes foram liberados para deputados e senadores: R$ 122,4 milhões na sexta-feira e ainda R$ 53,2 milhões no sábado, segundo os dados da Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Eis é a verdadeira face do governo golpista.

JOELMA PEREIRA E FÁBIO GÓIS

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