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‘Lula está acima daqueles que não impediram o nazismo’, diz presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil

Lula acima dos que não impediram o nazismo

O pronunciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito da ação militar de Israel na Faixa de Gaza recebeu apoio da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Em entrevista, o presidente da entidade, Ualid Rabah, afirmou que a fala pode contribuir para o fim do massacre que acontece no território palestino desde outubro do ano passado, quando se iniciou a ofensiva israelense após o ataque do Hamas.

“Lula está à altura do genocídio em curso, está acima de todos aqueles que não impediram o nazismo”, disse Rabah em entrevista ao programa Bem Viver desta terça-feira (20).

No último domingo (18), em coletiva de imprensa durante a viagem oficial à Etiópia, Lula comparou o massacre de palestinos em Gaza à perseguição promovida pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

No dia seguinte, o governo de Israel considerou o presidente brasileiro como “persona non grata” no país. Horas depois, Lula pediu que o diplomata brasileiro retornasse de Israel.

“Lula hoje não está silente frente a um genocídio televisionado. Se na época da Segunda Guerra Mundial, antes dela, em 1939, tivesse havido um líder da estatura moral, intelectual, política e ética do presidente Lula e tivesse dito o que era preciso ser dito sobre o nazismo, talvez não tivesse acontecido os crimes de lesa humanidade que o nazismo promoveu durante seis anos”, disse Rabah.

A Fepal foi fundada em 1979 para representar imigrantes e refugiados palestinos no Brasil. Segundo a entidade, são 60 mil pessoas, considerando os descendentes. A Federação defende o reconhecimento de um Estado Palestino soberano e independente, com Jerusalém como capital. Também condena a ocupação ilegal dos territórios palestinos desde a autoproclamação de Israel, em 1948.

Cada vez mais, Lula pronuncia-se de maneira contundente sobre o massacre em Gaza. Ainda em outubro do ano passado, o presidente considerou a atual situação como “genocídio”.

Segundo Rabah, Lula tem apoio internacional para tomar tal posição e vai angariar mais adeptos. “Ainda não é visível, mas há um apoio de mais de 80 países ao presidente Lula, e são líderes de grandes países”.

O presidente da Fepal defende que esta fase do conflito só terá fim quando os Estados Unidos tomarem uma posição neste sentido no Conselho de Segurança da ONU. Desde o início do massacre, o país norte-americano veta resoluções que obriguem um cessar-fogo na região.

Há a expectativa que nesta terça-feira (20), pela primeira vez, os EUA proponham um tenho que exija o fim dos ataques israelenses. A reunião do Conselho inicia às 12h no horário de Brasília.

Rabah defende que o massacre só chegou nesse nível por conta do racismo exercido pelo ocidente global.

“O Ocidente viciou em acreditar que há um só crime na história humana. Então a escravidão, que aliás foi promovida pelo Ocidente, não é um crime digno de menção e digno de remorso histórico. O apartheid, promovido também pelo Ocidente, também não é um crime digno de remorso histórico”, afirma.

“Somente aquilo que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial é [genocídio]. Porque foram brancos matando brancos. Porque o genocídio é contra brancos. Este conta”, finaliza.

Quando o cessar-fogo acontecer, Rabah afirma que a primeira ação é construir hospitais de campanha “gigantescos” para atender a população de Gaza, em especial crianças.

Após isso, “a retirada de Israel de todos os territórios palestinos ocupados a partir de 1967; e uma conferência de paz presidida pela ONU em que outros países integrem a conferência para que ela tenha sucesso”.

Lucas Weber

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