Até mesmo representantes do liberalismo tem se mostrado frustrados com a forma com que Jair Bolsonaro governou o Brasil em seu primeiro ano de mandato.
Um desses representantes é o professor de filosofia Denis Rosenfield. Ligado ao Instituto Millenium, de viés claramente liberal, e eleitor de Bolsonaro na última eleição, ele se diz frustrado com o governo Bolsonaro e seu “pendor autoritário”, que considera como inimigos todos aqueles que não concordam com ela.
Em entrevista ao portal UOL, o professor mostrou surpresa com o nível de ideologização e o tamanho da influência de Olavo de Carvalho no governo.
“Votei no presidente Bolsonaro. Eu achava uma candidatura viável para bater o PT, ou seja, a corrupção, a ideologização do aparelho de Estado, essa concepção autoritária do amigo-inimigo também no PT”, disse Rosenfield.
O professor diz que contou com a moderação na saída da lógica eleitoral para a lógica de governo – que, geralmente é voltada para a negociação e a articulação -, e que os militares iriam exercer e ser reconhecidos por essa moderação.
“O que está me surpreendendo é que em pouco tempo o governo Bolsonaro terminou expulsando seis, sete generais que são pessoas da mais alta qualificação, que são pessoas habilitadas e eram moderadas do ponto de vista do trato político”.
Rosenfield considera ainda que o lado negativo da estratégia de Bolsonaro é a política de confronto e a contaminação do projeto reformista – o que gerou dificuldades na articulação política com o Congresso ao ponto de o Congresso ter uma importância jamais vista em outros governos.
O professor de filosofia também pontua que, ao priorizar a pauta conservadora, Bolsonaro acaba por dar um peso que não corresponde à maioria da sociedade, confinando-se em um nicho conservador e religioso.
“Nesse sentido, começamos a discutir questões que são completamente secundárias. E deixamos aquilo que é fundamental para o país, que é, no meu entender, uma pauta reformista que deveria ser levada a cabo”, ressalta.
Luis Nassif