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Pai demite Filha após criticar Bolsonaro: “me humilhou e mandou áudios absurdos”

Bruna Letícia Venancio

Brunna Letícia Venancio, de 29 anos, foi humilhada e demitida pelo próprio pai após criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais.

A jovem atuava como supervisora de cadastro e vendas na empresa Grupo Popular, que tem seu pai como um dos sócios.

O caso aconteceu em Macapá (AP) em setembro do ano passado. Na última sexta-feira (5/8), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) estabeleceu que Brunna deverá ser indenizada em R$ 20 mil por danos morais.

A jovem diz que sentiu um “misto de indignação, tristeza e decepção” por ter de processar o pai. “Eu não queria chegar a esse extremo. Não é fácil processar o próprio pai”, lamentou.

No processo, a empresa negou que a demissão da jovem estivesse relacionada com suas opiniões políticas.

A juíza Camila Afonso de Novoa Cavalcanti, do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região, entendeu que a conduta da empresa viola a legislação por promover discriminação por opinião política.

Na sentença, a magistrada mencionou um áudio enviado pelo pai de Brunna. Para a juíza, a mensagem exemplifica como as opiniões políticas da mulher suscitavam atritos entre os dois.

Entenda o caso

A demissão de Brunna foi motivada por uma postagem nas redes sociais. Em 8 de setembro ela opinou sobre a manifestação feita na véspera por bolsonaristas em todo o país.

“Sou completamente contra esse desgoverno e esse ser humano horroroso, corrupto, mal caráter, fascista, nazista, imbecil, incapaz e medíocre”, escreveu a jovem.

A publicação desagradou o pai da mulher, que era seu patrão.

“Bom dia, Brunna. Antes de ter as suas exposições de ira e deboche em suas posições políticas, lembre em respeitar quem está do outro lado, não se esqueça que eu tenho posições antagônicas”, enviou o pai para a filha, em áudio no WhatsApp, transcrito na sentença.

Antes desta postagem, pai e filha tinham se desentendido uma vez por motivação política: quando Brunna comentou que o Brasil voltou para o mapa da fome no governo Bolsonaro.

Brunna relata ter recebido agressões verbais na ocasião.

“Ele me chamou de esquerdopata e petralha. Desde então eu não tocava mais no assunto. Eu sempre tive que me silenciar, ele sabia das minhas opiniões políticas e eu sabia as dele, mas a gente não entrava nesse assunto”, diz Brunna.

“Eu acho que a indenização repara o dano. Ele me mandou áudios absurdos, me humilhando, falando coisas pesadas. Eu não poderia aceitar. Ele queria me chantagear com o emprego que eu tinha: ‘Ou você apaga agora, ou você sabe que posso te punir’”.

RPP

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