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Aprender várias coisas ao mesmo tempo é o melhor remédio

Aprender diversas coisas simultaneamente: pesquisadores mostram que há ganhos para a cognição — Foto: Milica Buha https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=76822712

Em qualquer idade, aprender coisas novas é um desafio. A diferença é que, enquanto as crianças se divertem tentando superar seus limites, quanto mais velho ficamos, maiores as chances de não querermos sair da zona de conforto. Um bom exemplo é a tecnologia: todos conhecem alguém – e muitos vestirão a carapuça – que diz que não se entende com o mundo digital e pronto. Ou seja, simplesmente abre mão da possibilidade de se aventurar por mares nunca dantes navegados.

Para os cientistas, está claro que temos que nos esforçar para manter essa chama acesa. Se você se sente meio intimidado diante de algo desconhecido, que vai demandar uma dose de empenho, a receita para a superação é se dedicar a aprender não uma, mas duas ou três coisas – ao mesmo tempo e sem medo de errar. Esse é o tema do estudo que a psicóloga Rachel Wu, da University of California Riverside, publicou em junho no “The Journals of Gerontology”: ela diz que uma forma de prevenir o declínio cognitivo é justamente fazer como as crianças.

“É se comportar como uma esponja, absorvendo conhecimentos o tempo todo”, afirmou a pesquisadora. “A motivação deve ser nosso combustível para buscar o aprendizado contínuo, sempre nos propondo novos desafios a serem alcançados”, completou, lembrando que, entre a infância e o início da vida adulta, todo ser humano aprende a dominar diversas habilidades simultaneamente. Esse fluxo nunca deveria ser interrompido.

Estudos anteriores já haviam demonstrado os benefícios de ampliar as habilidades. No entanto, o monitoramento era realizado em indivíduos que frequentavam um curso de cada vez. O time de Rachel Wu propôs algo diferente. Reuniu pessoas entre 58 e 86 anos que fizeram de três a cinco atividades diferentes ao longo de três meses: espanhol; como usar um iPad; fotografia; desenho e pintura; e música. Os alunos dedicavam-se a cerca de 15 horas semanais às aulas e se submeteram a testes antes, durante e depois do experimento.

Apenas um mês e meio depois do início dos cursos, os ganhos em áreas como a da memória, por exemplo, já os colocavam em patamar similar ao de indivíduos de meia-idade. “Depois de seis semanas de estímulo com aprendizados simultâneos, conseguimos criar uma ‘ponte’ de 30 anos. O estudo mostrou que adultos mais velhos podem aprender diferentes habilidades simultaneamente e que isso traz um incremento para sua capacidade cognitiva”, ressaltou a professora. O prêmio desse desafio é manter independência e autonomia na velhice.

Mariza Tavares

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