Alvo de intervenção
Para o médico Fredi Alexander Diaz Quijano, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos autores do estudo, esse achado revela um alvo de intervenção importante capaz de reduzir o efeito da pobreza sobre o risco de tuberculose.
“A situação não teria de ser necessariamente resolvida com recursos econômicos, mas corrigindo o modo de vida, a organização intradomicilitar e a estrutura.”
Quijano explica que a associação com a tuberculose começa a aparecer quando existem, em média, duas pessoas ou mais dormindo por cômodo da casa. Iniciativas de estímulo a planejamento de moradias mais adequadas e organizadas de modo a inibir a transmissão da doença podem ter um impacto importante na saúde pública.
Segundo a OMS, o Brasil está em 20º lugar no ranking dos países com maior número de casos de tuberculose no mundo. Em 2015, foram registrados quase 67,8 mil novos casos no Brasil e 4,6 mil mortes pela doença.
No fim de junho, o Ministério da Saúde lançou o Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose que leva em conta a questão dos indicadores socioeconômicos das cidades como norteadores de políticas públicas contra a doença.
Ações individuais
Além das políticas públicas, ações individuais também podem reduzir o risco de propagação da tuberculose. “A primeira coisa é não negligenciar o sintoma da tosse. Quando a tosse persiste por três semanas ou mais, é preciso buscar uma unidade de saúde”, diz Daniele.
Uma vez diagnosticado, é importante fazer o tratamento até o final. “O tratamento é longo, demora no mínimo seis meses em casos de tuberculose sensível. Muitos começam a apresentar melhora e abandonam o tratamento, aí desenvolvem formas resistentes da doença.”
Segundo a especialista, um tratamento adequado reduz o risco de transmissão da doença a partir de 20 dias.
Entenda a tuberculose
A tuberculose é uma doença provocada pelo Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch. A transmissão pode ocorrer de uma pessoa para outra pelo ar por meio de partículas eliminadas na respiração, espirro e tosse. A doença aparece quando o bacilo chega aos pulmões e provoca uma inflamação nos tecidos à sua volta. Em resposta, o pulmão produz muco, o que leva à tosse.
Os sintomas iniciais são febre baixa, cansaço, mal estar, fraqueza, tosse, dor no corpo, suor noturno e falta de apetite. Ao longo do tempo, o mal estar se acentua, o paciente emagrece e a tosse persiste, podendo ocorrer com sangue. A doença também pode atingir outros órgãos. O diagnóstico é feito com raio-X e exames de escarro.
O tratamento, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), deve ser feito sem interrupção por no mínimo seis meses. A vacina BCG, indicada para bebês e crianças de até 5 anos de idade, previne contra as formas de tuberculose mais graves.
Mariana Lenharo