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Cantor Netinho apaga posts a favor de atos golpistas após ter shows cancelados

Dizem ser dois golpistas

Grande apoiador do governo Bolsonaro, o cantor Netinho, sucesso dos anos 90 com o hit “Milla”, resolveu deletar todos os posts que fez em defesa do ex-presidente, inclusive as várias publicações que ele postou em defesa dos ataques golpistas que aconteceram em Brasília, no domingo, 8 de janeiro.

A decisão aconteceu após Netinho perder um contrato de um show que faria no próximo dia 28, em Aracaju.

O Iate Clube da cidade cancelou a apresentação do cantor em sua festa de Carnaval, afirmando que “não compactua e nem apoia atos antidemocráticos e não irá permitir jamais qualquer ação dessa natureza dentro de nossa instituição”.

“A Diretoria do Iate Clube de Aracaju (Icaju), em respeito à sociedade sergipana e aos sócios do clube, vem a público esclarecer que não compactua e nem apoia atos antidemocráticos e não irá permitir jamais qualquer ação dessa natureza dentro da nossa instituição”, publicou a entidade no Instagram.

Em uma publicação feita no Instagram, o cantor de axé sugeria que caçadores, atiradores e colecionadores de armas (CACs) se juntassem aos atos golpistas que depredaram as sedes dos três poderes no último dia 8.

No lugar de Netinho, o Iate Clube de Aracaju contará com um show do cantor Tatau, ex-vocalista da banda Araketu.

A publicação que motivou o rompimento do contrato por parte do Iate Clube já foi deletada da conta do artista.

“Temos aqui entre 800.000 e 900.000 CACs aqui no Brasil. Se levantem e ajudem a nós o povo patriota”, dizia a postagem.

“Recebi a notícia pública do cancelamento da minha participação através de rede social, mas sem qualquer documentação formal (…)

Esse cancelamento me traz prejuízos de imagem e financeiros pois era o show anunciado com o qual eu voltaria aos palcos e trios elétricos”, compartilhou Netinho no Instagram neste domingo.

Agora, no Instagram de Netinho só tem publicação sobre a carreira dele. Nada de manifestação política, como as inúmeras que ele fazia por dia durante o período das últimas eleições.

Na rede social, Netinho fazia postagens agressivas e bem acaloradas contra o atual presidente Lula.

O cantor, que apagou a postagem que culminou com o cancelamento do show, se manifestou na rede social dizendo que se surpreendeu com a decisão do clube.

Ele afirmou que já participou de outras edições do mesmo evento, “sem quaisquer discursos políticos, sem violência ou confusão de qualquer espécie”.

Tentando contradizer a postagem anterior, ele afirmou que “lamenta e nega” ter incentivado atos de violência e terrorismo, e ameaçou acionar a Justiça contra quem espalhou o que ele chamou de “fake news”.

No mesmo comunicado, Netinho afirmou que o show na capital sergipana seria o primeiro que faria em trio elétrico após o início da pandemia, e achou importante destacar que estava trabalhando com personal trainer para recuperar 10 quilos que teria perdido durante a campanha política.

A campanha a que ele se refere foi em busca de uma vaga como deputado federal pela Bahia. Autodeclarado “soldado de Bolsonaro”, Netinho disputou a eleição pelo PL, mesmo partido do ex-presidente, e, assim como ele, ficou sem mandato: recebeu 31.448 votos.

Conhecido pela interpretação de “Milla”, sucesso dos anos 1990, Netinho teve de deixar de cantar a música depois que o autor, Manno Góes, se indignou com o uso da obra em ato bolsonarista na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), em maio de 2021.

Na ocasião, Góes chegou a chamar Netinho de “débil mental” por ter cantado a música em ato golpista, no qual os participantes bradavam “eu autorizo” para Bolsonaro.

O compositor se desculpou pelo uso do termo ofensivo, mas manteve a postura de rechaço ao uso da música em manifestações golpistas de extrema-direita.

RPP

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